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Aumenta tensão entre Aldo e Chinaglia por disputa à Câmara
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DAS ENVIADAS A BRASÍLIA
Um dia após o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva tomar
posse do novo mandato, acirrou-se ontem a tensão entre os
dois aliados que disputam a
presidência da Câmara.
Após um constrangido abraço no almoço que marcou a volta de Ricardo Berzoini (SP) à
direção do PT, Aldo Rebelo (PC
do B-SP) e Arlindo Chinaglia
(PT-SP) reafirmaram que não
desistirão da disputa, o que gerou, inclusive, a cobrança de
governistas para que Lula interceda logo para resolver o caso, sob o risco de se dar margem
a um "efeito Severino" -em
2005, com Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e Virgílio Guimarães (PT-MG) dividindo os
votos governistas, Severino Cavalcanti (PP-PE) acabou eleito.
"Minha candidatura foi posta
para disputar e vencer as eleições", disse Aldo, ao deixar o almoço com petistas. "No limite
de haver disputa, é também democrático", reagiu Chinaglia.
No encontro, tanto Berzoini
quanto Marco Aurélio Garcia,
que ocupou o cargo na ausência
do deputado, tentaram frisar
que aquele não era um evento
de apoio a Chinaglia. Marco
Aurélio disse que não houve
"nenhum movimento que significasse denegrir, criticar, introduzir qualquer restrição ao
nome de Aldo Rebelo".
Aldo chegou ao almoço após
os discursos. Recebido por Berzoini, foi conduzido à cadeira
de frente à de Chinaglia. Segundo Berzoini, falaram apenas de
amenidades: lingüiças, cachaças e doces mineiros.
Na saída do evento, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) prometeu ter uma
candidatura única até o dia 20.
Articulações
Nos bastidores, a avaliação
de aliados do governo é que o
distanciamento do Planalto é
calculado. Lula continuaria
preferindo a reeleição de Aldo,
mas estaria temeroso em torná-lo candidato do Planalto sob
o risco de macular o apoio da
oposição a ele.
"Aldo foi leal ao governo, mas
não deixou a oposição sem espaço. É uma indicação para que
a presidência da Câmara não
seja o quintal da Presidência da
República", disse o líder do
PFL, Rodrigo Maia (RJ).
Nos últimos dias, Aldo não só
obteve apoio do PFL, como fez
articulações importantes com
tucanos, como o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e
os governadores José Serra
(SP) e Teotônio Vilela (AL).
Amigo do presidente Lula, o
deputado Carlos Wilson (PT-PE) também teve longa conversa com Aldo. "Ele [Aldo] esteve
à frente no momento mais difícil da história da Casa. Ser presidente só de um pedaço da Câmara termina mal", disse.
Por outro lado, a posição do
Planalto também tem sido interpretada por petistas próximos a Chinaglia como um aval
silencioso ao avanço das ambições do PT. Em reunião a portas fechadas com um grupo de
20 petistas, ontem, Chinaglia
praticamente fechou toda a
parte estrutural de sua eventual campanha. Acertou inclusive cota de contribuição de R$
2 mil por deputado da sigla.
(SILVIO NAVARRO, LETÍCIA SANDER, CATIA
SEABRA e FLAVIA MARREIRO)
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