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Furlan diz a Lula que deixará ministério
Ministro deve ficar no Desenvolvimento até o final do mês, atendendo a pedido da família para retomar vida empresarial
Presidente estuda deslocar para a pasta o também empresário Walfrido dos Mares Guia, do PTB, que hoje é ministro do Turismo
VALDO CRUZ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento) disse ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, logo após o Natal,
que decidiu deixar o governo.
Sua intenção é permanecer na
equipe até o final do mês, quando o presidente deverá realizar
a reforma ministerial para
montar a nova equipe.
Furlan alegou principalmente motivos familiares para sair.
Seu pai, Osório Henrique Furlan, e sua mulher, Ana Maria,
vinham pedindo que ele retornasse à vida empresarial no
Grupo Sadia. Discordâncias
com a equipe econômica, porém, também pesaram.
O comunicado de Furlan levou o presidente a começar a
analisar nomes para substituí-lo. Em conversas reservadas,
Lula admitiu que será difícil segurar Furlan no governo.
O ministro deverá acompanhar Lula na viagem a Davos
(Suíça), para o encontro do Fórum Econômico Mundial, nos
dias 25 e 26 de janeiro.
Caso não consiga reverter a
decisão de Furlan, Lula estuda
deslocar para a pasta do Desenvolvimento, numa solução interna, o também empresário
Walfrido dos Mares Guia (hoje
ministro do Turismo). O presidente gosta do trabalho do petebista e elogia principalmente
a sua atuação nas negociações
com parlamentares.
Nessa solução, o presidente
ficaria com uma pasta de menor porte liberada para negociar com os partidos pequenos
e médios que vão participar do
governo de coalizão, como
PDT, PSB ou PP.
Outra possibilidade é entregar o Desenvolvimento para
uma indicação "técnica" do
PMDB, facilitando as articulações para garantir o apoio do
maior partido do Congresso a
seu governo. Um nome aventado pelos peemedebistas é o do
economista Luciano Coutinho.
Apesar de menor hoje, o presidente não descarta a possibilidade de surpreender nesse
posto. Poderia nomear um empresário com o perfil de Jorge
Gerdau e Eugênio Staub.
No ano passado, Furlan planejava deixar o governo antes
da campanha eleitoral. Sairia
junto com o ministro Roberto
Rodrigues (Agricultura). Acabou convencido por Lula a ficar
até o final do ano.
Numa nova investida de Lula, logo após a reeleição, Furlan
se mostrou disposto a permanecer no segundo mandato. Pediu, então, mais poder. A lista
de pedidos incluía indicar um
nome para a presidência do
BNDES e medidas de corte de
tributos, além de influenciar na
escolha do novo comandante
do Sebrae (Serviço Brasileiro
de Apoio a Micro e Pequena
Empresa) no lugar do amigo
presidencial Paulo Okamotto.
No caso do Sebrae, Lula prometeu atender ao pedido de
Furlan, mas acabou recuando e
manteve o apoio para recondução de Okamotto. Em troca, o
ministro recebeu a promessa
de que poderia nomear o presidente do BNDES, instituição
subordinada à sua pasta, mas
que ele nunca controlou.
O empresário, porém, ficou
insatisfeito com a equipe econômica depois de ficar sabendo
que a lista de medidas de corte
de tributos, negociada por ele
no pacote a ser lançado até o final de janeiro, teria de ser reduzida. Isso pesou em sua decisão
de ceder às pressões familiares.
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