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Presença simultânea de João Paulo na faculdade e na Câmara é apurada
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público requereu à
Justiça Federal que o inquérito da
Polícia Federal de São Paulo que
apura suposto crime de falsidade
ideológica do novo presidente da
Câmara dos Deputados, João
Paulo Cunha (PT-SP), seja enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) para análise.
O inquérito investiga a acusação
de que João Paulo Cunha teria,
nos anos de 1999 e 2000, assinado
a lista de presença na faculdade de
Direito que cursava na Unifieo
(Centro Universitário Fundação
Instituto de Ensino), de Osasco
(Grande São Paulo), e, simultaneamente, registrado frequência
nas sessões da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Segundo a secretaria da 7ª Vara
Criminal da Justiça Federal, onde
está o inquérito, João Paulo Cunha não foi indiciado no inquérito da PF, mas a investigação ainda
não teve um relatório final.
A polícia abriu o inquérito a
partir de uma denúncia do advogado Edinaldo Francisco de Alencar, protocolada na Delegacia
Seccional da Polícia Civil de Osasco em 19 de setembro de 2000 e,
depois, enviada para a Polícia Federal de São Paulo.
O procurador da República que
atua no caso, Rafael Siqueira de
Pretto, disse que o deputado tem
foro privilegiado e só o STF poderá decidir se determina ou não
abertura de processo criminal.
"Não analisei o mérito, porque
o caso deverá seguir para o Supremo", disse o procurador.
O pedido do Ministério Público
deverá ser analisado ainda nesta
semana pelo juiz substituto da 7ª
Vara Criminal da Justiça Federal,
Luiz Renato. O juiz não permitiu
que a Folha manuseasse o inquérito, que ele reconheceu ser público. Segundo ele, "é possível" que
seja decretado sigilo no inquérito.
A capa do inquérito informa
que está sob investigação o suposto crime de falsidade ideológica,
previsto no artigo 299 do Código
Penal, com pena de um a cinco
anos de prisão. Conforme a denúncia de Alencar, "há indicações
de que, para suprir sua ausência,
tem o deputado se valido de préstimos de colegas de classe".
Segundo o advogado, "é notório
que os deputados federais atendem jornada mínima de atuação
parlamentar a partir das terças-feiras, voltando para seus Estados
nas quintas-feiras, o que absorve
três dias úteis da semana".
O advogado pediu à polícia que
o deputado prestasse depoimento
para esclarecer as dúvidas.
Alencar é referido em registros
do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) paulista como tendo atuado
como advogado do candidato a
deputado federal Kléber Amâncio
Costa e do candidato a deputado
estadual Tsuyoshi Sérgio Yamato,
ambos do PSDB, na campanha
eleitoral do ano passado.
Apesar de João Paulo Cunha ter
estudado na faculdade de 1999 a
2002, a passagem pela Unifieo não
é mencionada na biografia disponível no seu site na internet.
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