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Presidente do Senado prevê longa negociação para as reformas da Previdência e tributária, já que só "há unanimidade quanto a fazê-las"
Sarney quer priorizar reforma política
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), vai propor
ao presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), uma agenda interna de trabalhos do Congresso que dê prioridade à reforma política. A idéia deve esbarrar
na resistência dos pequenos partidos -a maioria aliada ao governo-, cuja sobrevivência estará
ameaçada com as mudanças na
legislação partidária e eleitoral.
Segundo Sarney, o Congresso
não deve cobrar pressa do governo no encaminhamento das propostas de reformas tributária e
previdenciária. Para ele, essas reformas integram a agenda do Poder Executivo, a quem cabe julgar
o tempo certo para enviá-las à
apreciação do Legislativo.
O presidente do Senado alertou
para o fato de existir consenso entre os partidos políticos apenas
quanto à necessidade das reformas, mas não em torno do mérito. "Há unanimidade quanto a fazer as reformas. Quanto ao conteúdo, vai ser um processo de longa negociação entre governo e
Congresso", disse.
As divergências internas na base governista e no próprio PT não
deverão prejudicar o andamento
das reformas, na opinião de Sarney. "A divergência sempre existe. Cabe a quem está em posição
de liderança buscar pontos de
convergência", afirmou.
Reforma política
Já a reforma política, essa sim,
segundo Sarney, deve ser apressada pelos congressistas. No seu discurso de posse na presidência do
Senado, anteontem, ele sinalizou
as mudanças que defende no sistema partidário e eleitoral.
"Vamos construir modernas
instituições, que não aniquilem os
partidos, que não rebaixem a política a um cartório de registro de
candidatos nas eleições. Que não
envelheçam a representatividade
e não destruam a legitimidade",
afirmou o senador.
Ele criticou também o "voto
uninominal proporcional", que,
segundo ele, prejudica a democracia e só existe no Brasil. O problema é que o tema não interessa
aos pequenos partidos.
"A reforma política só tem
chance de ser aprovada se for
pontual, em cima de alguns pontos consensuais. Se não, ela não
anda", afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
"Os pontos de reforma política
levantados sistematicamente restringem o processo democrático", disse o deputado federal Inácio Arruda (PC do B-CE), cujo
partido tem 12 deputados e nenhum senador.
Uma das maiores críticas ao
atual quadro partidário é o troca-troca partidário. O deputado Sarney Filho (MA), filho do presidente do Senado, foi eleito pelo
PFL e filiou-se ao PV um dia antes
da posse. O PFL ameaça propor
ação no Supremo Tribunal Federal cobrando indenização dos que
deixaram a legenda antes da posse, porque isso reduzirá o tempo
de propaganda eleitoral da sigla.
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