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BRASIL PROFUNDO
Um dos mortos teve coroa de flores encomendada 2 dias antes
Lavrador diz ter visto 2 carros no local da morte de fiscais
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A UNAÍ (MG)
A força-tarefa criada pelo governo para investigar a morte de três
fiscais do trabalho e do motorista
deles, na quarta-feira passada em
Unaí (MG), apresentou duas novas pistas ontem: o depoimento
de uma testemunha que teria visto um outro carro perto do local
dos assassinatos e a encomenda
de flores para um dos auditores
dois dias antes de sua morte.
Embora não haja suspeitos formais, a Polícia Federal investiga
nove "gatos", aliciadores de mão-de-obra para a colheita, que
atuam na região. Eles já foram indiciados em 2000 por terem feito
ameaças a fiscais do Ministério do
Trabalho, mas continuam livres.
Os "gatos" estão na mira da PF
porque a ação dos fiscais assassinados era, justamente, regularizar
as relações de trabalho nas fazendas. A maioria dos grandes produtores de Unaí usa "gatos" para
conseguir trabalhadores de outras cidades na época da colheita.
A força-tarefa também começou a analisar informações dadas
ao disque-denúncia. A maioria
das mais de 20 ligações era de trotes. No fim da tarde de ontem, a
PF investigava uma pista sobre os
assassinos no Espírito Santo.
De manhã, um lavrador que
mora perto do local dos assassinatos procurou a força-tarefa.
Disse que ouviu tiros na manhã
do crime e viu uma Fiat Strada e
uma camionete Mercedes azul,
modelo 680, na estrada onde houve as mortes. Seu nome é mantido
em sigilo. O depoimento tem diferenças em relação ao que já foi
apurado. O lavrador diz que os tiros foram dados a cerca de 50 metros do local identificado pela PF.
Essa é a primeira informação
concreta da participação de outro
veículo. Até domingo, sabia-se só
da Fiat Strada, narrada pelo motorista Ailton Pereira de Oliveira,
que ainda acordou após levar um
tiro na face. Os policiais começaram a cruzar informações de carros roubados com o novo dado.
A encomenda das flores foi informada à PF logo após o crime.
Dois dias antes, a subdelegacia do
Trabalho de Paracatu (MG) recebeu o telefonema de uma floricultura da cidade para saber o endereço de Nelson José da Silva, um
dos fiscais mortos. Havia a encomenda de uma coroa de flores para ele, das que são comuns em velórios, mas o episódio foi relegado
por serem freqüentes as ameaças.
Na semana passada, a PF começou a rastrear a ligação e aguarda
detalhes que a operadora dará.
Ontem, o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, recebeu o primeiro relatório das investigações.
A PF trabalha com as hipóteses de
vingança de fazendeiros contra os
fiscais, ação de "gatos" e assalto.
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