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RIO
Ato é em represália à nova ameaça de bloqueio de repasses federais ao Estado
Rosinha pode negar licença a Petrobras
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Em confronto aberto com o governo federal e sob a ameaça de
ter o repasse de verbas federais
novamente bloqueado, a governadora Rosinha Matheus
(PMDB) ameaçou ontem negar licença ambiental a Petrobras para
que use o Estado do Rio como
passagem para um oleoduto destinado a São Paulo.
Ela afirmou que 10 dos 19 prefeitos que terão os municípios cortados pelo oleoduto se comprometeram a não conceder licença à
Petrobras. A estatal anunciou
que, em troca da licença, vai liberar R$ 15 milhões às cidades.
"Essa é uma campanha sórdida
contra o nosso Estado. Se tem dinheiro para esvaziar o Rio, por
que não tem para ajudar a construí-lo?", questionou Rosinha,
que defende a instalação de uma
refinaria no norte do Estado.
Segundo a governadora, o oleoduto vai gerar 34 mil empregos
temporários, enquanto a refinaria, 30 mil permanentes. "Espero
que o presidente Lula cumpra o
seu papel, que é ser presidente de
todos os brasileiros. Ele não é governador de São Paulo."
Rosinha sancionou ontem uma
lei estadual que aumenta, em até
100%, o ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a compra de equipamentos para a construção de dutos com diâmetro superior a 30
polegadas. O oleoduto terá 40 polegadas de diâmetro.
"Se não tivermos o oleoduto,
vamos continuar mandando o
petróleo por navio para São Paulo. Neste caso, vamos gerar empregos fora do país, porque teremos que aumentar o fretamento
de navios estrangeiros. Além disso, teremos que ampliar o terminal de São Sebastião, gerando empregos em São Paulo. O Rio não
ganhará nada com isso", disse o
gerente-geral de Engenharia da
Petrobras, Jorge Zegala.
Apesar de endurecer o discurso
contra o governo, Rosinha tem
tentado negociar com o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda) a
decisão de suspender o repasse de
verbas. O Estado não pagou a primeira parcela, de R$ 5 milhões, de
uma multa de R$ 30 milhões referente ao não-cumprimento do
plano de ajuste fiscal de 2002, firmado com a União. A parcela
venceu no último dia 28. O Estado
alega que cumpriu as metas fiscais
e está em dia com a União.
A polêmica em torno do oleoduto é uma prévia da disputa eleitoral no Rio entre o grupo do ex-governador Anthony Garotinho
(marido de Rosinha) e o PT. Desde a reforma, que deixou o Estado
sem ministros, o casal tem aumentado as críticas ao governo.
Preocupado com o reflexo dos
ataques, o presidente do PT-RJ,
Gilberto Palmares, pediu audiência com o ministro José Dirceu
(Casa Civil). Dirceu informou,
por meio de sua assessoria, que
não comentaria as críticas.
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