São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2004

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ELEIÇÃO 2004

Partido diz que espera definição de tucanos sobre sucessão de Marta até março e ameaça lançar Pinotti ou Tuma

PFL dá prazo a PSDB e quer Serra candidato

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O PFL deu um prazo aos tucanos paulistas para que apresentem logo após o Carnaval -no final deste mês- seu pré-candidato a prefeito de São Paulo.
Os pefelistas também fazem pressão nos bastidores para que o indicado seja o ex-senador José Serra, presidente do PSDB, ou um secretário de Estado do governador paulista, Geraldo Alckmin.
Caso contrário, caciques do PFL ameaçam desistir da aliança no primeiro turno com os tucanos paulistas e lançar um candidato próprio à sucessão da prefeita Marta Suplicy (PT): o deputado federal José Aristodemo Pinotti ou o senador Romeu Tuma.
"Nosso parceiro natural é o PSDB, mas, a medida que os tucanos não definem seu caminho, nossa candidatura própria vai se consolidando", disse o deputado federal Gilberto Kassab, um dos articuladores do PFL paulistano.
Sem a aliança, tucanos e pefelistas perderiam importante tempo no horário eleitoral gratuito de rádio e TV, já que os dois partidos possuem representatividade semelhante na Câmara dos Deputados. Além disso, ficariam praticamente isolados na disputa deste ano. A situação das duas siglas, as principais na oposição aos governos do PT, se agravaria ainda mais com a provável confirmação da aliança PT-PMDB na capital.
Diante da ameaça, o PSDB paulistano se apressa para aparar arestas internas e tentar cumprir o prazo. "A aliança com o PFL para nós é prioritária, fundamental. Estamos em processo de negociação", disse o presidente do Diretório Municipal do PSDB, deputado estadual Edson Aparecido.

Serra e César Maia
O governador já foi avisado do prazo do PFL. Tem mantido tratativas sobre o assunto com seu vice, Cláudio Lembo, do PFL, e os demais caciques tucanos, entre eles o próprio José Serra.
O ex-senador, segundo colocado na eleição presidencial de 2002, tem dito nos bastidores que não pretende disputar o comando da capital, mas, segundo a Folha apurou entre seus interlocutores, começa a analisar a hipótese de reconsiderar sua decisão.
Com Serra na disputa, PSDB e PFL podem fechar um acordo interestadual, que envolveria as eleições nas capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O PFL ficaria com José Serra já no primeiro turno em São Paulo. Em troca, os tucanos fechariam com o partido do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, apoiando sua reeleição.
Cinco tucanos postulam a indicação como pré-candidato em São Paulo: os secretários Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública) e Gabriel Chalita (Educação), o ex-deputado federal José Aníbal, que já foi presidente do partido, e os deputados federais Walter Feldman e Zulaiê Cobra Ribeiro. Deles, o primeiro tem hoje a preferência do PFL.

Efeito Roseana
Tucanos ouvidos pela Folha dizem considerar que a estratégia do PFL em São Paulo se assemelha à adotada pelo partido no início de 2002, quando a pré-candidatura da senadora Roseana Sarney, à época governadora do Maranhão, começou a ser promovida nacionalmente pela sigla.
A intenção inicial do partido comandado pelo senador Jorge Bornhausen era "inflar" o nome de Roseana a fim de aumentar seu poder de negociação com o PSDB, do então presidente Fernando Henrique Cardoso e de Serra, que estava à frente do Ministério da Saúde.
Mas, diante do crescimento de Roseana nas pesquisas, o partido passou a trabalhar seriamente com a possibilidade de concorrer com candidatura própria.
Roseana só desistiu da eleição após uma operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na sede de sua empresa, a Lunus, quando R$ 1,34 milhão foi apreendido.
Para os caciques do PSDB, a tática pode levar até a uma divisão dentro do governo do Estado.


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