São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O MARQUETEIRO

Publicitário presta depoimento à PF, afirma que não tem dinheiro fora do país e que denúncias são frutos de disputa eleitoral

Duda nega novas contas e diz ser vítima

Margarida Neide/"A Tarde"
Duda Mendonça, que prestou depoimento à Polícia Federal em Salvador, ontem; sua sócia Zilmar Fernandes também compareceu


COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM SALVADOR


Após um depoimento de quase cinco horas à Polícia Federal de Salvador, o publicitário Duda Mendonça disse ontem que é uma "vítima política em um ano eleitoral". O marqueteiro, que trabalhou na campanha do PT em 2002, está sendo investigado sobre a conta Dusseldorf, que manteve em sigilo no exterior.
"Eu confirmei tudo o que já havia dito antes espontaneamente à CPI [dos Correios] e à Polícia Federal. Neguei as falsas declarações que estão tentando imputar à minha pessoa", disse Duda. "O Brasil inteiro já percebeu que eu estou me transformando numa vítima política em um ano eleitoral e eu confio na Justiça", afirmou.
Duda compareceu à CPI no ano passado e afirmou ter recebido parte do pagamento para a campanha petista por meio de caixa dois. Cerca de R$ 10,5 milhões teriam sido depositados em uma conta (Dusseldorf) em um paraíso fiscal. A operação teria sido realizada a pedido do também publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, responsável por operar o esquema de distribuição de recursos a aliados do governo.
Embora esteja sob suspeita de possuir mais contas fora do país, Duda disse que mantinha apenas a Dusseldorf, encerrada no ano passado. Deputados da CPI viajaram aos EUA nesta semana em busca de mais informações sobre dados bancários do publicitário fora do país.
Acompanhado pelo advogado Hélio Santana, Duda chegou ao prédio da PF em Salvador às 10h de ontem. O publicitário entrou pela porta principal da instituição, diferentemente do que aconteceu em 2005, em seu primeiro depoimento, quando ingressou pela garagem. À saída da PF, às 14h50, o marqueteiro disse que respondeu a todas as acusações que lhe foram feitas.
Duda também negou qualquer participação no esquema do "mensalão". "Eu não sou político, eu sou publicitário."
Segundo o publicitário, sua maior vontade, ontem, era estar no Rio Vermelho, bairro da orla de Salvador onde cerca de 200 mil pessoas, de acordo com estimativas da Polícia Militar, participaram dos festejos de Iemanjá.
Sócia de Duda Mendonça, Zilmar Fernandes também prestou depoimento à PF ontem. Na saída, ela não falou com os jornalistas. "O depoimento da Zilmar foi na mesma linha do Duda Mendonça. Ela confirmou as declarações que havia nos dado", disse o delegado Pedro Ribeiro.

Conexão mineira
Duda e Zilmar, no depoimento de ontem, negaram terem recebido por serviços prestados em Minas Gerais, para o PSDB, por meio de caixa dois em 1998. Ambos disseram não lembrar os valores que receberam na ocasião. A PF irá requisitar ao publicitário os contratos por meio dos quais prestou serviços à campanha do tucano Eduardo Azeredo para o governo mineiro naquele ano.
O tesoureiro da campanha de Azeredo, Cláudio Mourão, assumiu, em depoimento à CPI do Mensalão, a prática de caixa dois. Mas negou ser autor de uma lista, investigada pela PF, na qual a contabilidade paralela de Azeredo em 1998 seria de R$ 91,3 milhões.
Em depoimento à PF no ano passado, Mourão reafirmou o que disse à comissão. Diante das negativas de Duda e Zilmar, ele será chamado novamente pela PF.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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