São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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Sócio da Guaranhuns afirma ter feito contrato com Valério sem conhecê-lo

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Sócio da Guaranhuns Empreendimentos, José Carlos Batista disse ontem à CPI dos Correios que fez um contrato de R$ 10 milhões com Marcos Valério de Souza sem conhecer o publicitário, que é apontado como operador do esquema do "mensalão".
"Para operar no mercado financeiro não é preciso conhecer ninguém. Fiz um contrato com o Marcos Valério, mas não o conheço. Para mim, trabalhar para ele [Marcos Valério] é igual a trabalhar para o José ou para o João."
Batista foi indiciado em agosto do ano passado pela Polícia Federal sob a acusação de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e prática de crime contra o sistema financeiro.
Aos parlamentares ele disse que não conhece os sócios majoritários da Guaranhuns, empresa da qual detém 1% do controle acionário. "Sei que 99% da empresa estão nas mãos da Esford Trading [aberta no Uruguai], mas não sei quem são os donos."
Sub-relator da CPI, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) apresentou um documento, registrado em cartório, revelando que Batista também tem participação na Esford. "Como estou aqui na condição de investigado, e não de testemunha, não quero falar sobre este assunto", respondeu Batista.
Segundo ele, o valor do contrato assinado com Valério foi repassado para o PL. Nervoso e irônico na maior parte do depoimento, o sócio da Guaranhuns disse ter um patrimônio de R$ 300 mil "não declarado ao fisco". "Não declarei porque não quis declarar."
Ao ser confrontado por ACM Neto com o fato de que teria ganho R$ 7 milhões entre 2001 e 2005, José Carlos Batista disse não "reconhecer os números".
Operador do mercado financeiro há 30 anos, José Carlos Batista disse que está sendo tratado como "fantoche ou laranja". Ele afirmou, inicialmente, que estava depondo beneficiado por um habeas corpus expedido pelo STF. Meia hora depois, a assessoria jurídica do Senado descobriu que o próprio ministro estabeleceu como prazo de validade do habeas corpus o primeiro depoimento de Batista à CPI, no ano passado.
A partir desta constatação, o operador se recusou a responder a indagações, já que, por ser investigado e não "testemunha", tinha o direito de ficar calado.
Ao final, ACM Neto disse que José Carlos Batista não contou a verdade em seu depoimento. "Ele é um laranja a serviço de outras pessoas e isto ficou comprovado."


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