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Sócio da Guaranhuns afirma ter feito contrato com Valério sem conhecê-lo
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Sócio da Guaranhuns Empreendimentos, José Carlos Batista disse ontem à CPI dos Correios que
fez um contrato de R$ 10 milhões
com Marcos Valério de Souza
sem conhecer o publicitário, que é
apontado como operador do esquema do "mensalão".
"Para operar no mercado financeiro não é preciso conhecer ninguém. Fiz um contrato com o
Marcos Valério, mas não o conheço. Para mim, trabalhar para ele
[Marcos Valério] é igual a trabalhar para o José ou para o João."
Batista foi indiciado em agosto
do ano passado pela Polícia Federal sob a acusação de lavagem de
dinheiro, sonegação de impostos
e prática de crime contra o sistema financeiro.
Aos parlamentares ele disse que
não conhece os sócios majoritários da Guaranhuns, empresa da
qual detém 1% do controle acionário. "Sei que 99% da empresa
estão nas mãos da Esford Trading
[aberta no Uruguai], mas não sei
quem são os donos."
Sub-relator da CPI, o deputado
Antonio Carlos Magalhães Neto
(PFL-BA) apresentou um documento, registrado em cartório, revelando que Batista também tem
participação na Esford. "Como
estou aqui na condição de investigado, e não de testemunha, não
quero falar sobre este assunto",
respondeu Batista.
Segundo ele, o valor do contrato
assinado com Valério foi repassado para o PL. Nervoso e irônico
na maior parte do depoimento, o
sócio da Guaranhuns disse ter um
patrimônio de R$ 300 mil "não
declarado ao fisco". "Não declarei
porque não quis declarar."
Ao ser confrontado por ACM
Neto com o fato de que teria ganho R$ 7 milhões entre 2001 e
2005, José Carlos Batista disse não
"reconhecer os números".
Operador do mercado financeiro há 30 anos, José Carlos Batista
disse que está sendo tratado como
"fantoche ou laranja". Ele afirmou, inicialmente, que estava depondo beneficiado por um habeas corpus expedido pelo STF.
Meia hora depois, a assessoria jurídica do Senado descobriu que o
próprio ministro estabeleceu como prazo de validade do habeas
corpus o primeiro depoimento de
Batista à CPI, no ano passado.
A partir desta constatação, o
operador se recusou a responder
a indagações, já que, por ser investigado e não "testemunha", tinha o direito de ficar calado.
Ao final, ACM Neto disse que
José Carlos Batista não contou a
verdade em seu depoimento. "Ele
é um laranja a serviço de outras
pessoas e isto ficou comprovado."
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