São Paulo, quarta, 3 de fevereiro de 1999

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PAINEL

Poder ampliado
ACM, que foi a peça-chave na indicação de Armínio Fraga para o Banco Central, passa a apitar na política econômica, área sobre a qual teve zero de influência no 1º mandato de FHC. Também reforçou o cacife de Malan (Fazenda). Com as duas manobras, tenta isolar o PSDB e Serra.

O jogo de ACM
Ao ver Malan fragilizado, ACM ajudou o ministro a derrubar Chico Lopes e a bancar Armínio Fraga no BC. Ontem, reiterou apoio a Malan e a Pedro Parente em café-da-manhã. Dá apoio à cúpula da Fazenda e ajuda FHC a demonstrar pulso na hora em que parece não tê-lo. São atitudes que geram crédito político.

Felizes da vida
Assim que soube da indicação de Armínio Fraga para o BC, Sarney ligou para ACM. "Agora você está nomeando até o presidente do Banco Central?!", disse. O pefelista riu e desconversou.

Efeito John Wayne
De José Graziano da Silva, professor da Unicamp e economista do PT, sobre a indicação de Armínio Fraga para o BC: "A reação do mercado não foi só de aprovação, mas também de medo e de pânico. O governo pegou um dos maiores pistoleiros e colocou de xerife do mercado".

Queimação federal
Maldade ouvida ontem em Brasília: "Sabe por que o mercado ficou tão feliz com a indicação de Armínio Fraga para o Banco Central? Porque o fundo do George Soros que ele administrava deu prejuízo em 98".

Trocadilho gaúcho
De Tarso Genro (PT), sobre Armínio Fraga, que trabalhava com o especulador George Soros, ir para o BC: "O Brasil abandona o uso dos analgésicos e começa a tomar soros, o que é indicador de sua fase terminal".

Congresso surpreso
De José Aníbal (PSDB), sobre a mudança no BC: "Estratégia de conta-gotas não é boa para o país. Se o governo tem de fazer algo, que faça tudo de uma vez". De Henrique Alves (PMDB): "A cada semana temos um sobressalto. O Legislativo, que era instável, agora é a estabilidade. E a instabilidade está no Executivo".

Humor brasiliense
Piadinha de ontem no Congresso, sugerindo um slogan para o Banco Central sob a administração de Armínio Fraga: "Chega de intermediários". Outra maldade: "Como FHC não conseguiu vencer os especuladores, decidiu se juntar a eles".

Conversa dura
FHC insinuou a Chico Lopes que ele deveria pedir demissão do BC, em reunião anteontem à noite. Lopes se recusou. Preferiu ser demitido. Sai magoado com o presidente e com Malan.

Farra dos especuladores
O Banco do Brasil teria tido um grande prejuízo na sexta passada, dia em que "o mercado de câmbio fez o Banco Central de bobo", segundo pessoa com trânsito na equipe econômica.

Jóias no penhor
A mudança no comando do Banco Central repôs na agenda a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa. A venda das três estatais, segundo esperam líderes governistas, deve entrar na pauta tão logo baixe a poeira no mercado financeiro.

Rei morto
Serra (Saúde) considera uma "maldade" dizerem, como circulava no mercado e no Congresso, que ele falava duas vezes por semana com o ex-presidente do Banco Central Chico Lopes.

Água no chope
A votação dos demais candidatos à reeleição para a Mesa do Senado estragou a festa de ACM. Todos tiveram mais que os 70 votos dados ao baiano. O 1º secretário Ronaldo Cunha Lima (PMDB), por exemplo, teve 75.

Só veraneando
Enquanto o Brasil vive uma crise cambial, o banqueiro falido Ângelo Calmon de Sá (ex-Econômico) desperta a atenção de turistas na ilha de Comandatuba, na Bahia. Todo bronzeado.

TIROTEIO
De Eliseu Padilha (Transportes), sobre Aécio Neves (PSDB) acusá-lo de utilizar métodos "heterodoxos" a fim de levar deputados tucanos para o PMDB:
- O deputado não tem estatura para ser o líder do PSDB. É um moleque de recados desde os tempos do dr. Tancredo Neves.
De Aécio Neves, sobre Padilha:
- Se o ministro tivesse convivido com o dr. Tancredo, saberia que política é pra gente séria. Aí começam nossas diferenças.

CONTRAPONTO

O governo vai vencer a crise
Mensagem que circula na Internet com piadas sobre a onda de boatos da crise cambial:
Malan foge para as ilhas Cayman com as reservas cambiais brasileiras na nécessaire.
Gustavo Franco morre de tanto rir. E Chico Lopes, de chorar.
Zélia é convidada a assumir o Ministério da Fazenda.
Governo decreta feriado bancário até depois do Carnaval.
O Rio Grande do Sul pede anexação à Argentina. E Minas proclama sua independência.
FHC pede socorro econômico a Angola, Rússia e Jorge Guinle.
ACM propõe reanexação a Portugal, com ele de rei. Lisboa recusa.
Free Jazz Festival terá Fábio Jr. como destaque em 99.
População de Governador Valadares desaparece.
Brasileiros se perdem no mar tentando chegar de balsa a Cuba.
Missão do FMI é sequestrada por guerrilha em São Paulo.
FHC manda no Brasil. E ACM desistiu de mandar em FHC.



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