São Paulo, quarta, 3 de fevereiro de 1999

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CÂMARA
Desde a posse, 34 mudaram; presidente da Casa fala em parlamentarismo
Trocas de partido marcam reeleição de Michel Temer

Juca Varella/Folha Imagem
Michel Temer (centro) assume o 2º mandato na presidência da Câmara


da Sucursal de Brasília


O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), foi reeleito ontem para o cargo em meio a uma intensa troca de partidos pelos deputados e até atritos entre os aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso. Uma trégua temporária permitiu a recondução de Temer.
No discurso de posse, Temer afirmou que o "povo não quer o retorno da inflação banida pelo Plano Real". O presidente da Câmara defendeu a reforma política com a volta da discussão sobre a implantação do parlamentarismo no Brasil.
Temer se comprometeu também a patrocinar a reforma tributária. Ele foi candidato único. Para sua reeleição, houve 422 votos a favor, 4 nulos e 66 em branco.
A eleição da Mesa foi sem surpresas. Houve mudança apenas no cargo destinado ao PT, terceira secretaria. O deputado Paulo Paim (PT-RS) foi substituído pelo deputado Jaques Wagner (PT-BA), de acordo com o sistema de revezamento adotado pelo partido.
Só ontem, mais 18 deputados haviam encaminhado documentos informando a troca de partido à Mesa da Câmara até o final da tarde. Anteontem, 16 deputados informaram a troca de partido. O PMDB anunciou para hoje a filiação de 15 deputados no partido.
Há quatro dias, o deputado Zé Gomes da Rocha (GO) comunicou ao PSD sua desfiliação. Em seguida assinou ficha no PMDB. Com isso, garantiu sua reeleição como suplente na Mesa da Câmara.
"O PSD só fez três deputados no Brasil e não teríamos nem liderança. Ficaria voando na casa, sem líder, sem sala para reunir, sem uma pessoa para intervir nos meus pedidos. Fiz uma opção por um partido com mais estrutura", disse.
Zé Gomes não acha que com a mudança esteja traindo a opção do eleitor que votou nele.
"Minha mudança não foi radical. O caboclo que sai da oposição e vai para o governo é porque tem alguma intenção por trás. Mas eu sai da oposição para a oposição (em Goiás). Se eu quisesse levar vantagem aqui em Brasília, teria ido para o PFL ou o PSDB."
Depois de pouco mais de um ano no PSDB, o deputado Aníbal Gomes (CE) está de volta ao PMDB, partido no qual iniciou sua carreira política em 1980. "Achei melhor voltar. Eu não tinha espaço político no PSDB do Ceará", afirmou. Ele disse que havia se filiado ao PSDB porque o partido "é muito forte no Ceará".
Outro que está retornando ao PMDB é o deputado Jorge Tadeu Mudalen (SP). Em 1996, o deputado trocou o PMDB pelo PPB por causa da disputa pela Prefeitura de Guarulhos (SP).
Mudalen disse que voltou ao PMDB porque, depois da derrota de Paulo Maluf para o governador Mario Covas (PSDB), o PPB perdeu força em São Paulo. "Eu sempre mantive um lastro forte no PMDB", afirmou Mudalen.
(LUIZA DAMÉ e DENISE MADUEÑO)



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