São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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Cúpula do PFL evita tomar decisão "precipitada"

VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da pressão da governadora Roseana Sarney (MA) e de alas do partido, a cúpula do PFL ainda não fala em rompimento definitivo com o governo Fernando Henrique Cardoso. A ordem é aguardar alguns dias para evitar a tomada de decisões precipitadas.
Ontem, dos quatro ministros do partido no governo -Roberto Brant (Previdência), José Jorge (Minas e Energia), Carlos Melles (Esporte e Turismo) e Sarney Filho (Meio Ambiente)-, os dois primeiros deram declarações de apoio a Roseana, mas disseram que é preciso esperar a reunião da executiva do PFL na quinta-feira.
O último, irmão da governadora, não quis dar declarações. Mas amigos comentavam que ele está decidido a deixar o ministério já amanhã em solidariedade à irmã. Zequinha Sarney passou a noite de anteontem e a manhã de ontem reunido com o pai e pefelistas no Lago Sul, em Brasília.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, divulgou nota em que manifesta apoio à pré-candidata do partido à Presidência, mas não fala em rompimento com o governo. O texto diz que a ação da Polícia Federal foi "absurda, com evidente intuito político de prejudicar a imagem" de Roseana.
Na segunda, as agendas de Bornhausen e Roseana se cruzam em Belo Horizonte, onde devem conversar pessoalmente sobre o caso.
Assessores de Bornhausen disseram que ele queria evitar dar declarações públicas sobre a defesa de rompimento com o governo porque, como presidente do PFL, precisava antes ouvir todas as alas pefelistas. O momento também seria de aguardar posicionamento do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o episódio.
Na sexta-feira, em conversa por telefone com Bornhausen, FHC se comprometeu a apurar as circunstâncias a operação policial.
A reunião da executiva do PFL já estava marcada para quinta-feira. O partido pode antecipá-la, mas a idéia era não mudar a data para evitar uma reação radical.
"Vamos reagir juridicamente e politicamente para resguardar a honra da nossa candidata. Vamos discutir o assunto na reunião da executiva", disse Roberto Brant.

"Menos o presidente"
O ministro da Previdência evitou falar em rompimento com o governo, mas afirmou que a reação do partido será coletiva e decidida no encontro da executiva. Segundo ele, o PFL "desconfia de todo mundo, menos do presidente Fernando Henrique Cardoso".
Em sua opinião, a operação foi política e uma mostra do "desespero" daqueles que desejam barrar a candidatura de Roseana.
José Jorge disse ontem que não pretende deixar o cargo. "Pretendo ficar até o final do governo", disse. Visivelmente aborrecido, o ministro das Minas e Energia afirmou que não comentaria o episódio porque o assunto seria resolvido pela cúpula do partido.


Colaborou RENATA GIRALDI, da Sucursal de Brasília



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