São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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PSDB nega motivação política na ação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PSDB descartou ontem a existência de qualquer viés político na ação da PF (Polícia Federal) que apreendeu documentos na sede da empresa de Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão, Roseana Sarney.
Roseana acusou os tucanos de terem planejado a ofensiva contra Murad com o objetivo de prejudicar sua candidatura presidencial, que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto, em favor do candidato tucano, senador José Serra (SP).
"Não vamos admitir que nos imputem qualquer responsabilidade nisso. A Polícia Federal cumpriu uma decisão judicial e não política", disse o deputado José Aníbal (SP), presidente do PSDB.
Segundo Aníbal, nos últimos sete anos o presidente Fernando Henrique Cardoso instaurou um governo de coalização política com base na aliança PSDB-PFL-PMDB. "Longe de nós fazer qualquer coisa contra isso", declarou.
Ele reafirmou, ainda, a intenção do PSDB de reeditar a união da base governista com Serra na cabeça de chapa. "Estamos [tucanos e pefelistas" separados hoje. Em junho, que é o que vale, nas convenções, isso pode mudar."
Devido aos desdobramentos políticos, a governadora reclamou de não ter sido avisada da ação policial. E acusou o ministro da Justiça, o tucano Aloysio Nunes Ferreira, de saber da operação e de não a ter avisado.
O ministro nega. Disse que só soube do acontecido no final da tarde de sexta-feira, quando o cumprimento do mandado judicial pela PF já estava em curso. "Ordem judicial se cumpre. É um piloto automático. Não se discute", afirmou.
Na sexta-feira, Aloysio cumpriu agenda de trabalho em Florianópolis e almoçou com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e com o governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB). Como o assunto policial não foi tratado, os pefelistas acusam o ministro de ser dissimulado.
Aloysio descartou a possibilidade de uma suposta pressão tucana para, agindo contra Murad, prejudicar politicamente a governadora. "Quem decidiu a oportunidade [da operação" foi a Justiça e não o Ministério da Justiça. A formalidade tem de ser respeitada. Não se pode sair da lei um milímetro."
Em campanha no interior da Bahia, pedindo votos para si mesmo e para Serra, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior, disse que "as investigações policiais têm vida própria", cujos desdobramentos independem de "ação política ou partidária".
ANDREA MICHAEL


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