São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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Investigação sobre desvio na Usimar levou a Murad

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal descobriu indícios de participação do escritório Lunus, de Jorge Murad (marido de Roseana Sarney) em projetos fraudados da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), quando investigava irregularidades no projeto Usimar -responsável pelo desvio de R$ 44 milhões destinados pela Sudam ao projeto.
A Lunus foi criada em 1993, quando adquiriu participação acionária na empresa Agrima, sócia majoritária do projeto Nova Holanda, que também recebeu verbas da Sudam, no valor de R$ 32 milhões, para implantar lavouras de soja, algodão e milho. Um relatório da PF aponta indícios de desvios de recursos do projeto.
Em 1994 a Lunus saiu oficialmente da Agrima. No escritório de consultoria AC Rebouças, credenciado na Sudam, a PF encontrou farta documentação do projeto Nova Holanda e da Agrima. Depois, verificou-se uma intensa troca de sócios entre a Agrima e a Lunus. Surgiram então suspeitas de que a Lunus mantém um contrato de gaveta com a Agrima.
Outro motivo de desconfiança: as empresas Lunus, Agrima e LM Participações, que tocava o projeto Usimar, estão todas instaladas no mesmo edifício, no bairro Renascença, em São Luís (MA).
A Polícia Federal suspeita que Murad tenha envolvimento com o projeto Usimar, orçado em R$ 1,3 bilhão. O projeto, que previa instalação de fábrica de auto-peças em São Luís, foi aprovado em tempo recorde pelo Condel (conselho que reúne governadores da região amazônica), em reunião presidida por Roseana Sarney.
A Sudam liberou duas parcelas de R$ 22 milhões, em 24 de janeiro e em 5 de abril de 2000. A cada real investido pela Sudam deveria corresponder outro real investido pela empresa. A contrapartida da Usimar não foi comprovada.
Depoimentos colhidos pela Polícia Federal comprovam o interesse de Jorge Murad na aprovação do projeto. Ele teria feito pressões para garantir a aprovação rápida do projeto na Sudam.
O escritório AC Rebouças, descoberto nas investigações do projeto Usimar, teve documentos apreendidos pela PF em 2001. Foram encontrados papéis que comprovam o pagamento de propinas a funcionários da Sudam e doações a campanhas a políticos.
A PF achou a cópia de depósito de R$ 50 mil para a campanha do ex-senador do PMDB Jader Barbalho, que é acusado de liderar quadrilha formada para fraudar a Sudam em ao menos seis Estados: Pará, Tocantins, Mato Grosso, Amazonas, Maranhão e Amapá. Em processo no Tocantins, Jader é responsabilizado pelo desvio de R$ 14 milhões da Sudam.
Também foram encontrados no escritório indícios de criação de empresas "off-shore" no exterior para receber os recursos desviados da Sudam. O escritório AC Rebouças tinha o mesmo papel dos escritórios de Maria Auxiliadora Martins e Geraldo Pinto da Silva no esquema elaborado para fraudar a Sudam.


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