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Investigação sobre desvio na Usimar levou a Murad
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal descobriu indícios de participação do escritório Lunus, de Jorge Murad (marido de Roseana Sarney) em projetos fraudados da extinta Sudam
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), quando
investigava irregularidades no
projeto Usimar -responsável
pelo desvio de R$ 44 milhões destinados pela Sudam ao projeto.
A Lunus foi criada em 1993,
quando adquiriu participação
acionária na empresa Agrima, sócia majoritária do projeto Nova
Holanda, que também recebeu
verbas da Sudam, no valor de R$
32 milhões, para implantar lavouras de soja, algodão e milho. Um
relatório da PF aponta indícios de
desvios de recursos do projeto.
Em 1994 a Lunus saiu oficialmente da Agrima. No escritório
de consultoria AC Rebouças, credenciado na Sudam, a PF encontrou farta documentação do projeto Nova Holanda e da Agrima.
Depois, verificou-se uma intensa
troca de sócios entre a Agrima e a
Lunus. Surgiram então suspeitas
de que a Lunus mantém um contrato de gaveta com a Agrima.
Outro motivo de desconfiança:
as empresas Lunus, Agrima e LM
Participações, que tocava o projeto Usimar, estão todas instaladas
no mesmo edifício, no bairro Renascença, em São Luís (MA).
A Polícia Federal suspeita que
Murad tenha envolvimento com
o projeto Usimar, orçado em R$
1,3 bilhão. O projeto, que previa
instalação de fábrica de auto-peças em São Luís, foi aprovado em
tempo recorde pelo Condel (conselho que reúne governadores da
região amazônica), em reunião
presidida por Roseana Sarney.
A Sudam liberou duas parcelas
de R$ 22 milhões, em 24 de janeiro e em 5 de abril de 2000. A cada
real investido pela Sudam deveria
corresponder outro real investido
pela empresa. A contrapartida da
Usimar não foi comprovada.
Depoimentos colhidos pela Polícia Federal comprovam o interesse de Jorge Murad na aprovação do projeto. Ele teria feito pressões para garantir a aprovação rápida do projeto na Sudam.
O escritório AC Rebouças, descoberto nas investigações do projeto Usimar, teve documentos
apreendidos pela PF em 2001. Foram encontrados papéis que
comprovam o pagamento de propinas a funcionários da Sudam e
doações a campanhas a políticos.
A PF achou a cópia de depósito
de R$ 50 mil para a campanha do
ex-senador do PMDB Jader Barbalho, que é acusado de liderar
quadrilha formada para fraudar a
Sudam em ao menos seis Estados:
Pará, Tocantins, Mato Grosso,
Amazonas, Maranhão e Amapá.
Em processo no Tocantins, Jader
é responsabilizado pelo desvio de
R$ 14 milhões da Sudam.
Também foram encontrados no
escritório indícios de criação de
empresas "off-shore" no exterior
para receber os recursos desviados da Sudam. O escritório AC
Rebouças tinha o mesmo papel
dos escritórios de Maria Auxiliadora Martins e Geraldo Pinto da
Silva no esquema elaborado para
fraudar a Sudam.
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