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CRISE NA SUCESSÃO
Partido pode ser obrigado a lançar candidatos fracos em dez Estados, prejudicando a campanha de Lula
Decisão do TSE debilita palanques petistas
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do TSE de obrigar os
partidos a padronizar suas coligações nas esferas federal e estadual
poderá debilitar a estrutura de
campanha de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
O partido vinha traçando toda a
sua estratégia com base na montagem de sólidos palanques estaduais para o petista.
Em muitos Estados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, a direção nacional apostava
em alianças nas quais o PT abriria
mão de ser o cabeça de chapa e
apoiava candidatos de outras legendas com maior viabilidade
eleitoral. Em troca, recebia a garantia de que o palanque para Lula estaria sempre aberto.
Agora, com a decisão do TSE,
coligações em que o PT poderia
apoiar candidatos de partidos como PMDB, PSB, PTB, PPS e até
PSDB ficam inviabilizadas.
Elas só poderiam ser retomadas
caso algum desses partidos não
faça coligação nacional, ficando
liberado para qualquer aliança estadual. Mesmo esse entendimento ainda precisa ser confirmado
pela Justiça Eleitoral.
A própria cúpula partidária admite que o PT não tem hoje candidatos viáveis em pelo menos dez
Estados -Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba,
Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins.
O Amazonas é um exemplo: o
partido articulava uma aliança
ampla de oposição ao grupo do
governador Amazonino Mendes
(PFL), apoiando PPS ou PDT.
Com a nova regra, terá de sair sozinho, sem ter nome forte para isso. Em Rondônia, a aliança era
com o PDT.
Em Mato Grosso e Goiás, o PT
tendia a apoiar peemedebistas:
respectivamente os senadores
Carlos Bezerra e Maguito Vilela.
Se o PMDB apoiar José Serra
(PSDB), os petistas terão de encontrar às pressas nomes para
concorrer nestes Estados.
Palanques enfraquecidos
Antes mesmo da decisão do TSE
os petistas já identificavam problemas em suas candidaturas estaduais.
Em 22 de fevereiro, antes de sair
a resolução da Justiça, o próprio
Lula, em São Paulo, citou Goiás
como exemplo de Estado em que
seria preferível apoiar outro partido a lançar alguém para ter "4%
ou 5% dos votos".
Já na segunda-feira passada,
após reunião da direção nacional
com representantes de todos os
Estados, um integrante da cúpula
partidária expressava preocupação com a fragilidade dos candidatos petistas a governador em
quase metade dos locais.
Além dos casos mais sérios, o
PT identifica prejuízos em escala
menor em outros Estados.
São locais em que o partido
também se vê obrigado a lançar
candidato próprio, mas atenua o
prejuízo por ter nomes com alguma densidade eleitoral.
Está nesse grupo, por exemplo,
o Paraná, em que se negociava o
apoio ao PMDB de Roberto Requião. Se tiver candidato, o PT
poderá lançar o ex-deputado federal Paulo Bernardo.
Em Minas Gerais, o acordo dos
sonhos petista passava pelo apoio
à reeleição de Itamar Franco
(PMDB), que daria um palanque
fortíssimo a Lula no segundo eleitorado do país. Agora, o PT tem a
opção de lançar o ex-prefeito de
Belo Horizonte Patrus Ananias.
Outro caso semelhante é Espírito Santo, em que poderia haver o
apoio do PT a Paulo Hartung
(PSB) ou Max Mauro (PTB). Proibido pelo TSE de fazer esse acerto,
o PT tem a opção de lançar a candidatura do deputado federal
João Coser.
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