São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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CRISE NA SUCESSÃO

Partido pode ser obrigado a lançar candidatos fracos em dez Estados, prejudicando a campanha de Lula

Decisão do TSE debilita palanques petistas

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do TSE de obrigar os partidos a padronizar suas coligações nas esferas federal e estadual poderá debilitar a estrutura de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O partido vinha traçando toda a sua estratégia com base na montagem de sólidos palanques estaduais para o petista.
Em muitos Estados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, a direção nacional apostava em alianças nas quais o PT abriria mão de ser o cabeça de chapa e apoiava candidatos de outras legendas com maior viabilidade eleitoral. Em troca, recebia a garantia de que o palanque para Lula estaria sempre aberto.
Agora, com a decisão do TSE, coligações em que o PT poderia apoiar candidatos de partidos como PMDB, PSB, PTB, PPS e até PSDB ficam inviabilizadas.
Elas só poderiam ser retomadas caso algum desses partidos não faça coligação nacional, ficando liberado para qualquer aliança estadual. Mesmo esse entendimento ainda precisa ser confirmado pela Justiça Eleitoral.
A própria cúpula partidária admite que o PT não tem hoje candidatos viáveis em pelo menos dez Estados -Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins.
O Amazonas é um exemplo: o partido articulava uma aliança ampla de oposição ao grupo do governador Amazonino Mendes (PFL), apoiando PPS ou PDT. Com a nova regra, terá de sair sozinho, sem ter nome forte para isso. Em Rondônia, a aliança era com o PDT.
Em Mato Grosso e Goiás, o PT tendia a apoiar peemedebistas: respectivamente os senadores Carlos Bezerra e Maguito Vilela. Se o PMDB apoiar José Serra (PSDB), os petistas terão de encontrar às pressas nomes para concorrer nestes Estados.

Palanques enfraquecidos
Antes mesmo da decisão do TSE os petistas já identificavam problemas em suas candidaturas estaduais.
Em 22 de fevereiro, antes de sair a resolução da Justiça, o próprio Lula, em São Paulo, citou Goiás como exemplo de Estado em que seria preferível apoiar outro partido a lançar alguém para ter "4% ou 5% dos votos".
Já na segunda-feira passada, após reunião da direção nacional com representantes de todos os Estados, um integrante da cúpula partidária expressava preocupação com a fragilidade dos candidatos petistas a governador em quase metade dos locais.
Além dos casos mais sérios, o PT identifica prejuízos em escala menor em outros Estados.
São locais em que o partido também se vê obrigado a lançar candidato próprio, mas atenua o prejuízo por ter nomes com alguma densidade eleitoral.
Está nesse grupo, por exemplo, o Paraná, em que se negociava o apoio ao PMDB de Roberto Requião. Se tiver candidato, o PT poderá lançar o ex-deputado federal Paulo Bernardo.
Em Minas Gerais, o acordo dos sonhos petista passava pelo apoio à reeleição de Itamar Franco (PMDB), que daria um palanque fortíssimo a Lula no segundo eleitorado do país. Agora, o PT tem a opção de lançar o ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias.
Outro caso semelhante é Espírito Santo, em que poderia haver o apoio do PT a Paulo Hartung (PSB) ou Max Mauro (PTB). Proibido pelo TSE de fazer esse acerto, o PT tem a opção de lançar a candidatura do deputado federal João Coser.


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