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UDR e sem-terra rejeitam firmar acordos propostos pela ouvidoria
DA AGÊNCIA FOLHA
A intenção da Ouvidoria Agrária Nacional de tornar rotineiros
os encontros cara a cara entre ruralistas e sem-terra e ao mesmo
tempo convencê-los a assinar um
mesmo documento não está agradando a nenhum dos lados.
Para João Paulo Rodrigues, da
coordenação nacional do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), os acordos
com o governo federal devem estar condicionados aos compromissos políticos de campanha.
"Não é orientação do movimento sem terra nacional assinar documento dessa natureza. Não temos orientação de participar de
nenhum tipo de compromisso assinado em cartório. O compromisso político é a nossa garantia
de que os acordos serão cumpridos", disse o líder do MST.
Sobre o condicionamento da
entrega de cestas básicas e da vistoria de fazendas em troca de um
pacto assinado, João Paulo disse:
"É uma forma reacionária. É um
equívoco político essa proposta
da ouvidoria. A luta é feita quando não há o cumprimento das
promessas do governo".
Segundo ele, o MST pedirá oficialmente ao ministro Miguel
Rossetto (Desenvolvimento
Agrário) a "eliminação" do procedimento adotado pela ouvidoria. "Querer prender e amarrar os
movimentos com a assinatura de
documentos é um equívoco. Isso
não era feito na gestão FHC e será
feito agora no governo Lula?",
questionou o líder do MST.
No mês passado, João Paulo disse que a reforma agrária de Lula
caminhava lentamente: "Estamos
preocupados com a demora. Já se
passaram quase 40 dias e até agora não foi tomada nenhuma atitude concreta em relação à reforma
agrária. Esses dias para quem está
no governo pode ser pouco, por
causa da burocracia, mas para
quem está debaixo de uma barraca de lona é muito tempo".
Para Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente nacional da UDR
(União Democrática Ruralista),
os compromissos devem ser assinados pela Justiça e pelo governo
federal, e não pelos sem-terra.
"O MST não tem capacidade legal para assinar termo nenhum.
Temos a convicção de que o MST
é um movimento ilegal, pois não
tem estatuto nem endereço fixo",
afirmou o presidente da UDR.
Segundo Nabhan, os fazendeiros somente agem contra os trabalhadores rurais quando são
provocados por meio de invasões.
"Quer dizer então que temos de
ser light com os sem-terra? Para
que eu vou fazer um acordo com
bandido? Parece uma piada. Se
não há invasão, não há nada."
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