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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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UDR e sem-terra rejeitam firmar acordos propostos pela ouvidoria

DA AGÊNCIA FOLHA

A intenção da Ouvidoria Agrária Nacional de tornar rotineiros os encontros cara a cara entre ruralistas e sem-terra e ao mesmo tempo convencê-los a assinar um mesmo documento não está agradando a nenhum dos lados.
Para João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), os acordos com o governo federal devem estar condicionados aos compromissos políticos de campanha.
"Não é orientação do movimento sem terra nacional assinar documento dessa natureza. Não temos orientação de participar de nenhum tipo de compromisso assinado em cartório. O compromisso político é a nossa garantia de que os acordos serão cumpridos", disse o líder do MST.
Sobre o condicionamento da entrega de cestas básicas e da vistoria de fazendas em troca de um pacto assinado, João Paulo disse: "É uma forma reacionária. É um equívoco político essa proposta da ouvidoria. A luta é feita quando não há o cumprimento das promessas do governo".
Segundo ele, o MST pedirá oficialmente ao ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) a "eliminação" do procedimento adotado pela ouvidoria. "Querer prender e amarrar os movimentos com a assinatura de documentos é um equívoco. Isso não era feito na gestão FHC e será feito agora no governo Lula?", questionou o líder do MST.
No mês passado, João Paulo disse que a reforma agrária de Lula caminhava lentamente: "Estamos preocupados com a demora. Já se passaram quase 40 dias e até agora não foi tomada nenhuma atitude concreta em relação à reforma agrária. Esses dias para quem está no governo pode ser pouco, por causa da burocracia, mas para quem está debaixo de uma barraca de lona é muito tempo".
Para Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente nacional da UDR (União Democrática Ruralista), os compromissos devem ser assinados pela Justiça e pelo governo federal, e não pelos sem-terra.
"O MST não tem capacidade legal para assinar termo nenhum. Temos a convicção de que o MST é um movimento ilegal, pois não tem estatuto nem endereço fixo", afirmou o presidente da UDR.
Segundo Nabhan, os fazendeiros somente agem contra os trabalhadores rurais quando são provocados por meio de invasões. "Quer dizer então que temos de ser light com os sem-terra? Para que eu vou fazer um acordo com bandido? Parece uma piada. Se não há invasão, não há nada."


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