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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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Ex-chefe de polícia seria o dono de empresa que fez grampos, diz jornal

DA AGÊNCIA FOLHA

O delegado Valdir Barbosa, afastado da chefia da Polícia Civil da Bahia, é proprietário de uma empresa de segurança que teria realizado grampos telefônicos irregulares no Estado, segundo afirmação do jornal "A Tarde", crítico ao grupo político de Antonio Carlos Magalhães.
O jornal reproduziu em sua edição de ontem documentos que indicam que Barbosa seria dono da Consultis Consultoria em Investigação e Segurança Ltda., responsável pelas escutas nos telefones dos deputados Benito Gama (PMDB), Nelson Pellegrino (PT) e Geddel Vieira Lima (PMDB).
A Consultis, com sede em Vitória da Conquista (BA), também teria grampeado os telefones de Adriana Barreto, ex-namorada do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), que é casado, e de parentes dela. Barbosa teria como sócios Carlos Alberto Dobbin e Armando Antunes Lima.
O delegado foi indiciado pela Polícia Federal como um dos responsáveis pelos grampos telefônicos na Bahia. Após pedir afastamento temporário por dois meses do cargo de delegado-chefe, ele depôs à PF e apontou o assessor Alan Farias como responsável pelos grampos. Barbosa também foi indiciado por falsificação de documento público e escuta ilegal.
Segundo o jornal "A Tarde", era um funcionário da Consultis que levava ao Fórum de Itapetinga (BA) os pedidos de grampo feitos pela Secretaria da Segurança Pública e trazia de volta à empresa -às vezes no mesmo dia- as autorizações concedidas pela juíza Tereza Cristina Navarro Ribeiro.
O jornal cita o ofício 125/02, de 8 de julho do ano passado, pelo qual é pedido que os telefones de Benito Gama e Nelson Pellegrino sejam "desviados" (grampeados) para a central telefônica da Consultis, em Vitória da Conquista. De 10 telefones listados no ofício, 8 teriam sido desviados para escutas na empresa que pertenceria a Valdir Barbosa.
A Agência Folha não conseguiu ontem entrar em contato com o delegado afastado para comentar as acusações feitas pelo jornal.
Entre outubro de 2001 e setembro de 2002, 232 telefones de 126 pessoas foram grampeadas pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia com o pretexto de investigar um sequestro de dois adolescentes em Itapetinga (BA), que foi resolvido em março de 2002.
Muitas dessas escutas foram feitas à revelia da Justiça, adulterando-se o mandado judicial para incluir na lista números que não tinham nenhuma relação com os sequestradores.


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