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Ex-chefe de polícia seria o dono de
empresa que fez grampos, diz jornal
DA AGÊNCIA FOLHA
O delegado Valdir Barbosa,
afastado da chefia da Polícia Civil
da Bahia, é proprietário de uma
empresa de segurança que teria
realizado grampos telefônicos irregulares no Estado, segundo afirmação do jornal "A Tarde", crítico ao grupo político de Antonio
Carlos Magalhães.
O jornal reproduziu em sua edição de ontem documentos que indicam que Barbosa seria dono da
Consultis Consultoria em Investigação e Segurança Ltda., responsável pelas escutas nos telefones
dos deputados Benito Gama
(PMDB), Nelson Pellegrino (PT) e
Geddel Vieira Lima (PMDB).
A Consultis, com sede em Vitória da Conquista (BA), também
teria grampeado os telefones de
Adriana Barreto, ex-namorada
do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), que é casado, e de parentes dela. Barbosa teria como
sócios Carlos Alberto Dobbin e
Armando Antunes Lima.
O delegado foi indiciado pela
Polícia Federal como um dos responsáveis pelos grampos telefônicos na Bahia. Após pedir afastamento temporário por dois meses
do cargo de delegado-chefe, ele
depôs à PF e apontou o assessor
Alan Farias como responsável pelos grampos. Barbosa também foi
indiciado por falsificação de documento público e escuta ilegal.
Segundo o jornal "A Tarde", era
um funcionário da Consultis que
levava ao Fórum de Itapetinga
(BA) os pedidos de grampo feitos
pela Secretaria da Segurança Pública e trazia de volta à empresa
-às vezes no mesmo dia- as autorizações concedidas pela juíza
Tereza Cristina Navarro Ribeiro.
O jornal cita o ofício 125/02, de 8
de julho do ano passado, pelo
qual é pedido que os telefones de
Benito Gama e Nelson Pellegrino
sejam "desviados" (grampeados)
para a central telefônica da Consultis, em Vitória da Conquista.
De 10 telefones listados no ofício,
8 teriam sido desviados para escutas na empresa que pertenceria a
Valdir Barbosa.
A Agência Folha não conseguiu
ontem entrar em contato com o
delegado afastado para comentar
as acusações feitas pelo jornal.
Entre outubro de 2001 e setembro de 2002, 232 telefones de 126
pessoas foram grampeadas pela
Secretaria da Segurança Pública
da Bahia com o pretexto de investigar um sequestro de dois adolescentes em Itapetinga (BA), que foi
resolvido em março de 2002.
Muitas dessas escutas foram feitas à revelia da Justiça, adulterando-se o mandado judicial para incluir na lista números que não tinham nenhuma relação com os sequestradores.
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