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Suposta prova "paralisa" Brasília
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mundo político em Brasília
praticamente parou, e o mercado
financeiro viveu momentos de
turbulência ontem diante da expectativa -logo frustrada- de
que o senador Almeida Lima
(PDT-SE) cumprisse promessa
feita publicamente na tarde de segunda: apresentar suposta prova
de que o ministro José Dirceu
(Casa Civil) teria conhecimento
das atividades ilícitas do seu ex-assessor Waldomiro Diniz e que
trabalhara para "abafar" o caso.
O documento é um relatório da
Polícia Federal, parte de um inquérito no qual a gestão de Waldomiro como presidente da Loterj é investigada. A prova seriam
notícias de imprensa reproduzidas no relatório segundo as quais
Dirceu teria desencadeado operação abafa para barrar a apuração.
Ao final do relatório, de 2001, não
há menção a indiciamento.
O principal gesto da operação
abafa seria um telefonema de Dirceu ao secretário de Segurança do
Rio, Anthony Garotinho, no qual
teria tentado evitar que o inquérito prosseguisse. Garotinho, segundo o senador Sérgio Cabral
(PMDB-RJ), negou ter recebido o
telefonema. Após frustração da
oposição e alívio de governistas, o
mercado reagiu: o dólar fechou
em queda e a Bolsa parou de cair
como no início do dia.
Na tribuna Lima leu partes do
relatório. Recebido com frieza e
risadas, elevou o tom da voz e insistiu no ataque. "Pelo relatório
da PF, o ministro [Dirceu] disparou sim telefonemas. O delegado
incluiu as citações da imprensa
porque achou relevante investigar, e isso, parece, não foi feito."
A líder do PT no Senado, Ideli
Salvatti (SC), foi agressiva. "É deprimente o espetáculo a que esse
plenário acaba de assistir. A montanha rugiu, rugiu e nem um rato
pariu. Porque dos ratos pelo menos partes são aproveitadas como
cobaias." Lima respondeu dizendo que rato refere-se àqueles que
não querem estabelecer a investigação. Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado,
defendeu a honra de Dirceu e disse que as acusações infundadas
terão respostas judiciais.
Mais enfático que Mercadante,
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) elogiou a probidade de Dirceu e disse que Lima era um homem "digno de pena". Até o líder
da bancada de três senadores do
PDT, Jefferson Péres (AM), afirmou que Lima criou expectativas,
mas depois não as confirmou.
Para o líder do PFL, José Agripino (RN), o anúncio antecipado foi
"erro estratégico".
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