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ORÇAMENTO 2005
Líderes do Senado e da Câmara montam comissão para estudar mudanças na fórmula de discussão orçamentária
Congresso reage a corte e prega mudança
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O congelamento pelo Executivo
de R$ 15,9 bilhões do Orçamento
2005 foi criticado ontem pelas lideranças do Senado e da Câmara
dos Deputados, que montaram
uma comissão para estudar mudanças na atual fórmula de elaboração, discussão e execução orçamentária. Entre elas, está a de
obrigar o Executivo a liberar as
verbas relativas às emendas formuladas por deputados e senadores.
"Não tem sentido votar uma peça orçamentária que depois se
submete a um contingenciamento sem critérios, sem planejamento", disse o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Quem deve paga. O que o governo está devendo para as unidades estaduais e para os municípios, tem que pagar. É obrigação,
por isso o presidente da República assina o Orçamento", afirmou
Severino Cavalcanti (PP-PE), presidente da Câmara dos Deputados.
A insatisfação se dá porque
grande parte do corte vai recair
sobre as emendas que deputados
e senadores incluíram no Orçamento, geralmente obras e investimentos em seus redutos eleitorais.
A queda-de-braço entre governo e Congresso em torno da liberação das verbas relativas a essas
emendas é um dos principais motivadores de rebelião de aliados
contra o Planalto no Congresso.
"Todo ano tem"
"Todo ano o governo faz a mesma coisa. Esse contingenciamento é igual ao Carnaval, todo começo do ano tem, só aumenta o susto
com o tamanho do corte", afirmou o deputado Paulo Bernardo
(PT-PR), presidente da Comissão
Mista de Orçamento do Congresso.
Um dos parlamentares mais
próximos do ministro Antonio
Palocci (Fazenda), Bernardo enviou a Renan e Severino um documento em que propõe 36 alterações na atual forma de elaborar,
discutir e executar o Orçamento.
Essas propostas serão discutidas na comissão de deputados e
senadores criadas ontem para estudar mudanças.
Também tramita no Senado
uma PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) que torna o Orçamento impositivo, ou seja: a execução das despesas previstas na
lei orçamentária, aprovada pelo
Legislativo, seria obrigatória.
Atualmente o Orçamento apenas indica a forma geral como devem ser gastos os recursos públicos, o que permite ao Executivo
remanejar créditos e cancelar despesas.
O governo no entanto, está jogando para protelar a possível
adoção do Orçamento impositivo. O líder do governo, senador
Aloizio Mercadante (PT-SP),
apresentou três emendas à proposta. Elas estabelecem que o Orçamento impositivo seja implantado progressivamente, que também funcione dessa forma nos
Estados e municípios e que a Comissão do Orçamento seja extinta.
A PEC, que já estava no plenário, voltou para a CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) devido
às emendas.
Outras mudança prega a necessidade de diminuição dos gastos
que hoje são obrigatórios, como o
da Saúde, como forma de compensar a obrigatoriedade para as
emendas. Essa parte é defendida
pelo governo, que teria, assim,
maior margem de manobra do
Orçamento.
"Eu acho essa coisa [Orçamento
impositivo] muito perigosa. O
Orçamento é expectativa de receitas e despesas e ele vem irreal do
governo. Nós fazemos o mesmo
jogo, inventamos receitas e despesas. Esse ano colocamos R$ 21 bilhões de receita e o governo cortou R$ 15 bilhões", disse o líder do
governo no Congresso, senador
Fernando Bezerra (PTB-RN).
Até ministros como Gilberto Gil
(Cultura) , Olívio Dutra (Cidades)
e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) reclamaram dos
cortes promovidos no Orçamento para este ano
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