São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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ESTIAGEM

Problema afeta 80% dos municípios do Estado, mais que o total de 2004

RS bate recorde de cidades em emergência pela seca

LUÍSA BRITO
DA AGÊNCIA FOLHA

O Rio Grande do Sul registra um número recorde de cidades que decretaram situação de emergência devido à seca. São 398 decretos em pouco mais de dois meses, o que representa 80% das 496 cidades gaúchas. O número é o maior verificado desde 1998, quando a Defesa Civil estadual começou a contabilizar os decretos por estiagem. Nesse mesmo período de 2004, eram apenas 49. Em toda a estiagem do ano passado, foram 397 decretos de emergência.
O agravamento da falta de chuvas no Estado causou também diminuição no nível de água dos rios, das barragens e até mesmo dos lençóis freáticos que abastecem os poços perfurados. Com a crise, 52 cidades estão sofrendo racionamento de água. Dados da Defesa Civil mostram que o problema atinge 1,3 milhão de pessoas. Em 2004, nenhuma cidade do Estado sofreu racionamento.
Segundo o diretor de operações da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), Jorge Accorsi, o nível de água de duas das principais barragens da companhia tiveram redução de mais de 3,5 metros. O rio Gravataí, que abastece quatro cidades da região metropolitana de Porto Alegre, sofreu baixa de mais de 3 m. Para captar água, a Corsan colocou bombas no meio do rio, pois as margens foram estreitadas.
De acordo com o diretor de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente do Estado, Rogério Dewes, a redução do volume de água nos poços está afetando aqueles que possuem baixa vazão de água e que se concentram nas áreas rurais do norte do Estado. Esses poços possuem entre 100 m e 120 m de profundidade.
Segundo o geógrafo Francisco Eliseu Aquino, do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o déficit hídrico é causado, em parte, pela redução do volume de chuvas no inverno, o que ocorre há três anos.
Em 2002, o volume médio mensal das chuvas ficou entre 150 mm e 200 mm. Em 2003, ficou entre 100 mm e 150 mm. Em 2004, a máxima mensal ficou abaixo dos 100 mm. Aquino diz que uma das razões para a redução das chuvas é a diminuição da quantidade de frentes frias e o fato de elas estarem durando menos. Para o geógrafo, o Estado vive a pior estiagem dos últimos dez anos.
Preocupada com a qualidade da água usada pela população, a Defesa Civil estadual, em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde, vai distribuir 470 mil frascos de hipoclorito de sódio para as cidades que sofrem a seca.

Santa Catarina
Com 121 cidades em situação de emergência, uma em calamidade pública, 14 em racionamento de água e R$ 392 milhões de prejuízo nas safras de milho, feijão e soja, o Estado de Santa Catarina agora está recorrendo a uma técnica que pode "fazer chover".
O método consiste em borrifar gotículas de água, com a ajuda de um avião, em nuvens que apresentam condição propícia para a chuva. O trabalho foi testado em Joaçaba (426 km de Florianópolis), no último sábado, e induziu uma precipitação superior a 10 mm. Além de Joaçaba, a chuva atingiu outras duas cidades.
Segundo o Centro de Formações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina, como o teste foi satisfatório, o Estado deve contratar o serviço ainda nesta semana. A idéia é usar dois aviões, um no extremo oeste e outro no centro-oeste.
A técnica pode ajudar a diminuir as perdas na agricultura, que já chegam a mais de 1,1 milhão de toneladas, cerca de 21% do total estimado de produção.
Até ontem, a Defesa Civil contabilizava cinco casos de emergência no Paraná. A falta de chuvas atinge o sudoeste e sul do Estado.


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