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ESTIAGEM
Problema afeta 80% dos municípios do Estado, mais que o total de 2004
RS bate recorde de cidades em emergência pela seca
LUÍSA BRITO
DA AGÊNCIA FOLHA
O Rio Grande do Sul registra um
número recorde de cidades que
decretaram situação de emergência devido à seca. São 398 decretos
em pouco mais de dois meses, o
que representa 80% das 496 cidades gaúchas. O número é o maior
verificado desde 1998, quando a
Defesa Civil estadual começou a
contabilizar os decretos por estiagem. Nesse mesmo período de
2004, eram apenas 49. Em toda a
estiagem do ano passado, foram
397 decretos de emergência.
O agravamento da falta de chuvas no Estado causou também diminuição no nível de água dos
rios, das barragens e até mesmo
dos lençóis freáticos que abastecem os poços perfurados. Com a
crise, 52 cidades estão sofrendo
racionamento de água. Dados da
Defesa Civil mostram que o problema atinge 1,3 milhão de pessoas. Em 2004, nenhuma cidade
do Estado sofreu racionamento.
Segundo o diretor de operações
da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), Jorge Accorsi, o nível de água de duas das
principais barragens da companhia tiveram redução de mais de
3,5 metros. O rio Gravataí, que
abastece quatro cidades da região
metropolitana de Porto Alegre,
sofreu baixa de mais de 3 m. Para
captar água, a Corsan colocou
bombas no meio do rio, pois as
margens foram estreitadas.
De acordo com o diretor de Recursos Hídricos da Secretaria de
Meio Ambiente do Estado, Rogério Dewes, a redução do volume
de água nos poços está afetando
aqueles que possuem baixa vazão
de água e que se concentram nas
áreas rurais do norte do Estado.
Esses poços possuem entre 100 m
e 120 m de profundidade.
Segundo o geógrafo Francisco
Eliseu Aquino, do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas da
UFRGS (Universidade Federal do
Rio Grande do Sul), o déficit hídrico é causado, em parte, pela redução do volume de chuvas no inverno, o que ocorre há três anos.
Em 2002, o volume médio mensal das chuvas ficou entre 150 mm
e 200 mm. Em 2003, ficou entre
100 mm e 150 mm. Em 2004, a
máxima mensal ficou abaixo dos
100 mm. Aquino diz que uma das
razões para a redução das chuvas
é a diminuição da quantidade de
frentes frias e o fato de elas estarem durando menos. Para o geógrafo, o Estado vive a pior estiagem dos últimos dez anos.
Preocupada com a qualidade da
água usada pela população, a Defesa Civil estadual, em conjunto
com a Secretaria Estadual de Saúde, vai distribuir 470 mil frascos
de hipoclorito de sódio para as cidades que sofrem a seca.
Santa Catarina
Com 121 cidades em situação de
emergência, uma em calamidade
pública, 14 em racionamento de
água e R$ 392 milhões de prejuízo
nas safras de milho, feijão e soja, o
Estado de Santa Catarina agora
está recorrendo a uma técnica que
pode "fazer chover".
O método consiste em borrifar
gotículas de água, com a ajuda de
um avião, em nuvens que apresentam condição propícia para a
chuva. O trabalho foi testado em
Joaçaba (426 km de Florianópolis), no último sábado, e induziu
uma precipitação superior a 10
mm. Além de Joaçaba, a chuva
atingiu outras duas cidades.
Segundo o Centro de Formações de Recursos Ambientais e de
Hidrometeorologia de Santa Catarina, como o teste foi satisfatório, o Estado deve contratar o serviço ainda nesta semana. A idéia é
usar dois aviões, um no extremo
oeste e outro no centro-oeste.
A técnica pode ajudar a diminuir as perdas na agricultura, que
já chegam a mais de 1,1 milhão de
toneladas, cerca de 21% do total
estimado de produção.
Até ontem, a Defesa Civil contabilizava cinco casos de emergência no Paraná. A falta de chuvas
atinge o sudoeste e sul do Estado.
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