São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Quem manda?

Os americanos não querem esquecer Dorothy Stang. Dia após dia, é possível ler sobre a missionária em algum site do país, sobretudo em páginas católicas.
É o caso do "Catholic Herald", que destacava anteontem um missa em memória de Stang na Virgínia, ou do "National Catholic Reporter", que veiculou ontem editorial dando a freira como "exemplo" para os fiéis americanos:
- Irmã Dorothy nos chama a uma cristandade mais robusta.
Mas o editorial que mais conta, de ontem, é o do "New York Times", que obteve repercussão durante todo o dia por aqui, na Globo, Jovem Pan etc.
Sob o título "Os assassinos da irmã Dorothy", o principal jornal americano e mundial elogia respeitosamente a freira "nascida em Ohio mas uma brasileira naturalizada".
Como destacou a Globo, para o "NYT" o assassinato deve ser entendido como recado dos grileiros de terra ao governo do Brasil -de que eles é que "mandam". O governo até que "reagiu com determinação"...
- Mas resta ver se é forte o suficiente para provar que os grileiros estão errados.

OS TRÊS E A DÍVIDA

Por aqui, até que rendeu uma ou outra manchete nos telejornais, mas foi na Argentina que ecoou mais o trio Lula, Néstor Kirchner e Hugo Chávez.
Foi estridente manchete, com foto, tanto no "Clarín" como no "La Nación", sempre com destaque para frases de Kirchner, que se juntou ao brasileiro e ao venezuelano no discurso pela unidade sul-americana.
O presidente argentino anunciou um "novo ambiente" em meio a enunciados como "Kirchner, Lula e Chávez se unem sobre a dívida". É talvez o ponto mais significativo. Segundo o chanceler argentino, tanto Lula como Chávez expressaram "reconhecimento" à recente renegociação de seu país, encerrada com sucesso, e manifestaram "muito interesse em conhecer os detalhes".

O QUE FAZER

O "Wall Street Journal" é mais um diário americano a tratar o uruguaio Tabaré Vázquez como parte da "nova geração de esquerdistas pragmáticos" na região. Eles "esperam combinar objetivos da esquerda com uma apreciação pelo frio cálculo econômico".
Por enquanto, avalia o jornal, a "nova geração" (dos já avançados Lula, Kirchner etc.), em sua "nova tradução para "esquerda'", se caracteriza por controle dos gastos públicos e abertura comercial. É "o mesmo" que faziam seus antecessores de "centro-direita".
O que surge como "diferente" é o "papel maior para o Estado no desenvolvimento industrial" e "o gasto maior com os pobres". E o que falta para os dois lados, direita e esquerda, desde a redemocratização, são coisas como melhoria da educação e rigor na "política antitruste".

Contra Severino
Severino Cavalcanti começou a perder. Na manchete de Boris Casoy, na Record:
- O presidente do Senado recusa manobra para dar aumento aos deputados.
Enunciado da Folha Online:
- Severino quer aumento sem votação. Senado discorda.
Palmas para Renan Calheiros, por todo lado. Mas o JN vai esperar para ver. Sua manchete:
- Deputados buscam um atalho para o aumento dos próprios salários.

Cargos, cargos
Se não rolar aumento, resta a Severino a pressão sobre o Poder Executivo. Na Globo News, ele garantiu que "não tem nada a ver uma coisa com a outra" -a reforma ministerial e sua demora em apreciar o pedido de processo contra Lula.
Mas lá estava Aloizio Mercadante, na Folha Online:
- PT admite ampliar espaço para os aliados na reforma.
Falou em um ministério, mas, segundo Casoy:
- O PP de Severino quer dois.

Socorro
Do Rodoanel ao metrô, Geraldo Alckmin tem culpado para os problemas financeiros de São Paulo: o BNDES. No domingo, um noticiário regional da Globo mostrou protesto contra a situação na Cesp, durante inauguração no interior.
Alckmin reagiu cobrando "recursos do BNDES", lá também. Ontem, foi a manchete do "Valor Econômico":
- Alckmin negocia operação socorro para a Cesp.
No intervalo do JN, ontem, lá estava o presidenciável em novo comercial, dizendo que "baixou impostos" porque é seu estilo.

Nas ruas
Começam a pipocar cenas de protestos de rua. Foi até manchete no Jornal da Band:
- Sem-teto enfrentam polícia durante invasão de conjunto habitacional em Belém.
E mais: o ministro Gilberto Gil sugeriu e, segundo o site da Agência Estado, milhares de estudantes ligados à UNE fizeram passeata em São Paulo. Por verbas para a cultura.


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