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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO SANTO ANDRÉ
Tuma diz que é "revoltante" informação de que intimidações levaram familiares de prefeito assassinado a decidir deixar o país
CPI cobra PF sobre ameaças a irmãos de Daniel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da CPI dos Bingos
disseram ontem que vão cobrar
explicações das polícias Civil e Federal sobre a informação de que
familiares do prefeito de Santo
André Celso Daniel (PT), assassinado em 2002, decidiram abandonar o país por terem sido
ameaçados de morte.
O senador Garibaldi Alves Filho
(PMDB-RN), relator da comissão, se disse surpreso. "É evidente
que temos de saber exatamente o
que aconteceu. Tanto a Polícia Federal quanto à Polícia Civil do Estado de São Paulo precisam dar
explicações", afirmou.
Em reportagem publicada ontem, a Folha informou que Bruno, irmão caçula de Celso Daniel,
sua mulher, Marilena, e os três filhos do casal deixaram o Brasil
nesta semana por causa de ameaças de morte. Um dos dois filhos
de João Francisco Daniel -irmão
mais velho do prefeito assassinado- também deverá sair do país
nos próximos dias pelo mesmo
motivo.
Segundo os irmãos de Daniel, as
ameaças começaram dias depois
de os dois participarem de uma
acareação na CPI dos Bingos com
Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No encontro, realizado em 26 de
outubro passado, os dois reafirmaram que a morte de Celso Daniel está relacionada a um esquema de corrupção na Prefeitura de
Santo André (ABC paulista).
O dinheiro arrecadado teria como objetivo financiar campanhas
do PT, entre elas a de Lula em
2002. Os irmãos de Daniel disseram que souberam do esquema
por intermédio de Carvalho.
O senador Romeu Tuma (PFL-SP), integrante da comissão, se
disse "revoltado". "É revoltante a
gente ficar sabendo disso pelos
jornais", disse. "É uma desmoralização para a CPI. Precisamos fazer alguma coisa."
Na terça-feira da semana que
vem, Tuma vai propor que a CPI
busque informações sobre a segurança dos família de Daniel. "A
polícia não pode ficar alheia a esse
tipo de coisa. Precisamos saber se
a segurança foi garantida ou não."
Representante
O parlamentar vai pedir ainda
que os colegas escolham um representante do Senado para tentar fazer contato com a família do
prefeito no exterior. "Pode ser um
senador ou assessor, mas eles precisam ser ouvidos", disse. Para
Tuma, "não há dúvida" de que as
ameaças partem de "um esquema
criminoso". "Tem bandidos envolvidos. Isso [ameaça a testemunhas] é coisa do crime organizado", afirmou.
Um dos poucos petistas que
aceitam discutir a hipótese de que
o assassinato não foi crime comum, o senador Eduardo Suplicy
(SP) contou ontem que telefonou
para o promotor de Justiça de
Santo André Roberto Wider para
obter informações sobre os familiares de Celso Daniel.
"Ele [Wider] não me deu detalhes. Só me disse que a família estava se sentindo insegura", disse
Suplicy.
Antes de decidirem deixar o
país, os irmãos Bruno e João
Francisco contaram que, num
primeiro momento, as ameaças
foram feitas por carta anônima.
Depois, eles souberam por intermédio de um familiar sobre a
existência de um plano de seqüestro dos filhos de Bruno.
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