São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO SANTO ANDRÉ

Tuma diz que é "revoltante" informação de que intimidações levaram familiares de prefeito assassinado a decidir deixar o país

CPI cobra PF sobre ameaças a irmãos de Daniel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes da CPI dos Bingos disseram ontem que vão cobrar explicações das polícias Civil e Federal sobre a informação de que familiares do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), assassinado em 2002, decidiram abandonar o país por terem sido ameaçados de morte.
O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), relator da comissão, se disse surpreso. "É evidente que temos de saber exatamente o que aconteceu. Tanto a Polícia Federal quanto à Polícia Civil do Estado de São Paulo precisam dar explicações", afirmou.
Em reportagem publicada ontem, a Folha informou que Bruno, irmão caçula de Celso Daniel, sua mulher, Marilena, e os três filhos do casal deixaram o Brasil nesta semana por causa de ameaças de morte. Um dos dois filhos de João Francisco Daniel -irmão mais velho do prefeito assassinado- também deverá sair do país nos próximos dias pelo mesmo motivo.
Segundo os irmãos de Daniel, as ameaças começaram dias depois de os dois participarem de uma acareação na CPI dos Bingos com Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No encontro, realizado em 26 de outubro passado, os dois reafirmaram que a morte de Celso Daniel está relacionada a um esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André (ABC paulista).
O dinheiro arrecadado teria como objetivo financiar campanhas do PT, entre elas a de Lula em 2002. Os irmãos de Daniel disseram que souberam do esquema por intermédio de Carvalho.
O senador Romeu Tuma (PFL-SP), integrante da comissão, se disse "revoltado". "É revoltante a gente ficar sabendo disso pelos jornais", disse. "É uma desmoralização para a CPI. Precisamos fazer alguma coisa."
Na terça-feira da semana que vem, Tuma vai propor que a CPI busque informações sobre a segurança dos família de Daniel. "A polícia não pode ficar alheia a esse tipo de coisa. Precisamos saber se a segurança foi garantida ou não."

Representante
O parlamentar vai pedir ainda que os colegas escolham um representante do Senado para tentar fazer contato com a família do prefeito no exterior. "Pode ser um senador ou assessor, mas eles precisam ser ouvidos", disse. Para Tuma, "não há dúvida" de que as ameaças partem de "um esquema criminoso". "Tem bandidos envolvidos. Isso [ameaça a testemunhas] é coisa do crime organizado", afirmou.
Um dos poucos petistas que aceitam discutir a hipótese de que o assassinato não foi crime comum, o senador Eduardo Suplicy (SP) contou ontem que telefonou para o promotor de Justiça de Santo André Roberto Wider para obter informações sobre os familiares de Celso Daniel.
"Ele [Wider] não me deu detalhes. Só me disse que a família estava se sentindo insegura", disse Suplicy.
Antes de decidirem deixar o país, os irmãos Bruno e João Francisco contaram que, num primeiro momento, as ameaças foram feitas por carta anônima. Depois, eles souberam por intermédio de um familiar sobre a existência de um plano de seqüestro dos filhos de Bruno.


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