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IGREJA
D. Geraldo Majella faz críticas também a Bolsa-Família e a investigações
Para CNBB, presidente é submisso a credores
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Um dia depois de o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d.
Odilo Pedro Scherer, dizer que o
Brasil é um "paraíso financeiro",
o presidente da entidade, d. Geraldo Majella Agnelo, elevou o
tom das críticas ao governo Lula.
"Esse governo gosta de fazer
comparações com outras administrações. Mas não existe na história um governo tão submisso às
condições impostas pelos credores do que esse governo", disse
ontem o cardeal primaz do Brasil,
em Salvador, ao lançar oficialmente a Campanha da Fraternidade na Bahia.
"Eu ainda não vi um banco quebrar no governo Lula. Pelo contrário, os banqueiros estão lucrando cada vez mais", disse d.
Geraldo Majella.
O principal programa social do
governo foi duramente criticado
pelo arcebispo. "O Bolsa-Família
é assistencialismo, não é promoção humana. Em alguns casos, [o
programa] estimula as pessoas a
não fazerem nada em troca de R$
60, R$ 90 por mês. O que nós [a
CNBB] queremos é trabalho e
educação para todos."
Antes da entrevista, ao participar de um programa de televisão,
d. Geraldo Majella disse que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não tem a visão do povo". "O
povo quer trabalho, o povo quer
educação, e não campanhas de
Carnaval."
Apesar das criticas constantes
que tem feito à administração do
presidente Lula, d. Geraldo disse
que a CNBB não faz oposição ao
governo. "Queremos contribuir
para melhorar o Brasil, e vamos
seguir com o nosso objetivo."
O cardeal primaz disse que a
Igreja Católica está preparando
uma cartilha para "orientar" os
brasileiros nas próximas eleições.
"Vamos distribuir o livro, que vai
ajudar na formação dos eleitores,
com as nossas recomendações
para todas as comunidades", afirmou d. Geraldo.
Indicadores
O presidente da CNBB também
citou estatísticas para criticar o
governo Lula. "Os indicadores,
nacionais ou internacionais, mostram que um terço da população
brasileira vive abaixo da linha da
miséria. É isso que nos preocupa.
Aí eu pergunto: tem trabalho?
Tem educação?"
O arcebispo pediu mudanças na
política econômica, mesmo reconhecendo que alguns índices são
satisfatórios. "Nós estamos dizendo sempre: escuta, é urgente, tem
miséria, tem fome, tem desemprego no Brasil. Então, é preciso
mudar a política econômica para
privilegiar os mais pobres, os
mais necessitados, os mais sofredores", concluiu.
D. Geraldo Majella disse ainda
que os "acordos políticos" feitos
para impedir a punição de alguns
parlamentares acusados de participação no esquema do "mensalão" prejudicam a imagem do
Brasil. "Já está provado que a corrupção existe. Agora, protelar
prazos para não punir os culpados é inaceitável. A gente vê que
os acusados conseguem muitos
habeas corpus, não vão aos depoimentos, dizem que estão doentes.
Isto não dá para aceitar."
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