São Paulo, sábado, 03 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Septicemia

A candidatura de Nelson Jobim à presidência do PMDB termina a semana em estado grave. Além de Eunício Oliveira, que controla a maioria dos votos do Ceará, cerraram fileiras com Michel Temer (SP) os governadores André Pucinelli (MS) e Luiz Henrique (SC), os ex-senadores Amir Lando (RO) e Maguito Vilela (GO) e até mesmo aliados de José Sarney, como os deputados Gastão Vieira e Pedro Novaes.
Dos dez maiores colégios eleitorais do partido, Temer só não tem a maioria no Paraná, no Pará e no Rio Grande do Sul, segundo ambos os lados. Aliados do ex-presidente do STF já admitem a possibilidade de acordo, a partir de um "apelo" de governadores como Sérgio Cabral -que deverá fazer a proposta na terça, quando estará em Brasília para reunião com Lula.

Saia justa. Os senadores peemedebistas se sentem constrangidos de abandonar Jobim, patrocinado pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (AL). Garibaldi Alves (RN) e Joaquim Roriz (DF) ainda se declaram no time do ex-ministro do STF, mas seus aliados estão com Temer.

Pílula. Diante de cálculos dos aliados de Jobim de que teriam Estados totalmente fechados a seu favor, o ex-presidente dos Correios João Henrique, aliado de Temer, brinca: "Fechado, sem nenhum voto contra? No PMDB? Deve ser milagre de Frei Galvão".

Cortejada. Uma das maiores disputas no PMDB é pelo apoio da deputada Íris de Araújo (GO). Inscrita como vice na chapa de Temer, recebe acenos diários do grupo pró-Jobim. Valdir Raupp (RO) chegou a ir a Goiânia tentar convencer o prefeito Íris Rezende a fazer sua mulher mudar de lado.

Tiro no pé 1. Os petistas mais próximos a Marta Suplicy estão subindo pelas paredes com o suposto aliado Cândido Vaccarezza (SP), que se deixou flagrar jantando com Paulo Maluf e tecendo considerações sobre uma possível aliança para a eleição paulistana de 2008.

Tiro no pé 2. Os martistas consideraram o incidente tão desastrado que passaram a se perguntar se o deputado está trabalhando a favor ou contra a ida da ex-prefeita para o ministério de Lula.

Dedo no olho. Esquentou o confronto entre Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres) e Luci Choinacki (PT-SC). Partidários da petista, que está de olho no cargo, fizeram chegar a Lula a versão de que a ministra só estaria lutando para permanecer na Esplanada por ter perdido disputa por uma vaga na Funuap, entidade ligada à ONU.

Na bagagem. O governo federal anunciou a liberação de R$ 300 mi para o trecho sul do Rodoanel na visita que José Serra fez quarta-feira a Brasília. Segundo o Ministério dos Transportes, o investimento até 2010 será de R$ 1,2 bi na obra viária do ABC paulista e deverá constar no PAC.

CEP errado. Do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) sobre o bate-boca entre os tucanos Arthur Virgílio (AM) e Jutahy Júnior (BA) em torno da política monetária do governo: "O Arthur gosta tanto de mim que cometeu um ato falho: o professor de Economia do Jutahy, o José Serra, é que estudou na Cepal".

Pois é. O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), evita tomar partido na polêmica idéia de trocar a frota do Senado, mas reclama do seu Marea, que já passou dos 100 mil km rodados. "A verdade é que o motor do meu carro quase fundiu ontem", diz ele.

Braço verde. Marco Maciel (PFL-PE) entra no debate sobre aquecimento global para sugerir a criação, pela ONU, de uma Agência Internacional para o Meio Ambiente. "Se temos Unesco, FAO, OMS, OIT e OMC, por que não uma agência, de igual porte, para tratar dessa questão?", pergunta o senador.

Tiroteio

"Mais adiante os senadores irão dizer que a nova frota de carros precisará ser substituída por veículos "socialmente responsáveis"".
De CLAUDIO WEBER ABRAMO, diretor-executivo da Transparência Brasil, sobre a renovação da frota do Senado sob a alegação de que a Casa passará a utilizar veículos movidos a combustíveis "limpos".

Contraponto

Questão de hábito

Durante a votação do Orçamento paulista para 2007, quarta-feira à noite na Assembléia, os governistas se articularam para derrubar uma emenda do PT contrária ao interesse do Palácio dos Bandeirantes.
Na hora "h", porém, Adilson Barroso, do nanico PSC, disse "sim" à proposta petista ao ser consultado em votação nominal. Apesar de vitoriosos, os deputados da base do tucano José Serra quiseram saber o que acontecera.
-Estou tão acostumado a dizer "sim" para todos os projetos do governo que acabei me atrapalhando na hora de votar-, explicou Barroso com candura.


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