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Distrital da "oração da propina" renuncia e evita cassação
Brunelli (PSC) foi filmado rezando com um dos operadores do mensalão do DEM; na semana passada, deputado da meia saiu do cargo
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado distrital Júnior
Brunelli (PSC), filmado rezando após se encontrar com um
dos operadores do mensalão do
DEM, renunciou ontem ao cargo na Câmara do DF para evitar
a perda dos direitos políticos.
A carta foi lida pela deputada
Jaqueline Roriz (PMN), filha
do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) -padrinho político
de Brunelli. Se Brunelli não renunciasse, ele poderia ficar inelegível por cinco anos.
"Renuncio para não ser submetido a um julgamento político previamente decidido. Buscarei provar na Justiça a minha
inocência", disse. Ele poderá
concorrer na eleição deste ano.
No texto, Brunelli disse que
está "com o coração agonizante
e a alma em frangalhos". Segundo o deputado, os vídeos do
esquema têm o "objetivo específico de desestabilizar o mandato e impedir novos horizontes políticos".
Ao renunciar, Brunelli afirmou que o dinheiro que recebeu do delator do mensalão do
DEM, Durval Barbosa, era para
a campanha de 2006. "A chamada oração da propina foi
uma montagem grosseira. O dinheiro era para um evento de
campanha, prática comum dos
partidos políticos."
Quem assumiria a vaga de
Brunelli seria o suplente Geraldo Naves (DEM), preso com o
governador José Roberto Arruda (sem partido) por tentativa
de suborno. Segundo a assessoria da Câmara do DF, uma definição sobre essa situação atípica deve sair em até 30 dias.
Antes de Brunelli, o ex-presidente da Câmara Leonardo
Prudente (sem partido), filmado colocando dinheiro nas
meias, tinha renunciado à vaga.
Apenas a deputada Eurides
Brito (PMDB) ainda pode ser
cassada pela Câmara. Ela aparece em um dos vídeos colocando dinheiro na bolsa, mas se recusa a renunciar. "Não me arrependerei. Minha decisão é um
ato bem pensado", disse.
Eurides Brito afirma que o
dinheiro não era do mensalão
do DEM, mas sim da pré-campanha de Joaquim Roriz, principal adversário de Arruda. A
justificativa causou bate-boca
na Câmara. A filha do ex-governador, deputada Jaqueline Roriz, chamou Eurides de "grande
cara de pau".
"Esquece ela que já trabalhava na campanha de Arruda. Ela
não trabalhava mais para Roriz", afirmou Jaqueline.
Intervenção
Ontem, o presidente da Câmara do DF, deputado Cabo
Patrício (PT), visitou o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes. Patrício e outros
deputados distritais foram pedir que não seja decretada a intervenção do governo federal
no legislativo do DF.
"Fomos mostrar pessoalmente que a Câmara está funcionando normalmente e que
não há necessidade da intervenção", disse Patrício. Segundo o deputado, Temer disse que
a intervenção é uma solução
"drástica". Mendes, por outro
lado, não comentou com os deputados sobre a intervenção.
Ainda não há prazo para o Supremo tomar uma decisão sobre o caso.
Assista ao vídeo da oração
www.folha.com.br/100611
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