São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2010

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Distrital da "oração da propina" renuncia e evita cassação

Brunelli (PSC) foi filmado rezando com um dos operadores do mensalão do DEM; na semana passada, deputado da meia saiu do cargo

FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado distrital Júnior Brunelli (PSC), filmado rezando após se encontrar com um dos operadores do mensalão do DEM, renunciou ontem ao cargo na Câmara do DF para evitar a perda dos direitos políticos.
A carta foi lida pela deputada Jaqueline Roriz (PMN), filha do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) -padrinho político de Brunelli. Se Brunelli não renunciasse, ele poderia ficar inelegível por cinco anos. "Renuncio para não ser submetido a um julgamento político previamente decidido. Buscarei provar na Justiça a minha inocência", disse. Ele poderá concorrer na eleição deste ano.
No texto, Brunelli disse que está "com o coração agonizante e a alma em frangalhos". Segundo o deputado, os vídeos do esquema têm o "objetivo específico de desestabilizar o mandato e impedir novos horizontes políticos". Ao renunciar, Brunelli afirmou que o dinheiro que recebeu do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, era para a campanha de 2006. "A chamada oração da propina foi uma montagem grosseira. O dinheiro era para um evento de campanha, prática comum dos partidos políticos."
Quem assumiria a vaga de Brunelli seria o suplente Geraldo Naves (DEM), preso com o governador José Roberto Arruda (sem partido) por tentativa de suborno. Segundo a assessoria da Câmara do DF, uma definição sobre essa situação atípica deve sair em até 30 dias. Antes de Brunelli, o ex-presidente da Câmara Leonardo Prudente (sem partido), filmado colocando dinheiro nas meias, tinha renunciado à vaga.
Apenas a deputada Eurides Brito (PMDB) ainda pode ser cassada pela Câmara. Ela aparece em um dos vídeos colocando dinheiro na bolsa, mas se recusa a renunciar. "Não me arrependerei. Minha decisão é um ato bem pensado", disse.
Eurides Brito afirma que o dinheiro não era do mensalão do DEM, mas sim da pré-campanha de Joaquim Roriz, principal adversário de Arruda. A justificativa causou bate-boca na Câmara. A filha do ex-governador, deputada Jaqueline Roriz, chamou Eurides de "grande cara de pau". "Esquece ela que já trabalhava na campanha de Arruda. Ela não trabalhava mais para Roriz", afirmou Jaqueline.

Intervenção
Ontem, o presidente da Câmara do DF, deputado Cabo Patrício (PT), visitou o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes. Patrício e outros deputados distritais foram pedir que não seja decretada a intervenção do governo federal no legislativo do DF.
"Fomos mostrar pessoalmente que a Câmara está funcionando normalmente e que não há necessidade da intervenção", disse Patrício. Segundo o deputado, Temer disse que a intervenção é uma solução "drástica". Mendes, por outro lado, não comentou com os deputados sobre a intervenção. Ainda não há prazo para o Supremo tomar uma decisão sobre o caso.

Assista ao vídeo da oração

www.folha.com.br/100611


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