São Paulo, terça, 3 de março de 1998

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Guilhotina política
A Executiva Nacional do PPB se reuniu ontem por telefone e decidiu que expulsará amanhã sumariamente o deputado Sérgio Naya, em uma reunião formal em Brasília. Para os caciques, o vídeo no qual confessa crimes é prova suficiente.

Pragmatismo eleitoral
Caciques do PPB, entre eles Maluf, estabeleceram o roteiro para expulsar Naya a fim de tentar minimizar desgaste nas eleições. Jair Bolsonaro, da seção do Rio, pede a expulsão hoje. Amanhã a Executiva a oficializa.

Os suspeitos de sempre
Sérgio Naya entrou na política pelas mãos de Newton Cardoso. Em 86, ele ajudou Newtão a ganhar a convenção do PMDB mineiro, financiando sua pré-campanha a governador. Em retribuição, ganhou vaga na chapa de candidatos a deputado.

Fartura de provas
Michel Temer defenderá hoje na reunião da Mesa da Câmara que ela peça à Comissão de Constituição e Justiça que dê início imediato a um processo de cassação contra Sérgio Naya (PPB). Avalia que as provas dispensa uma sindicância.

Oportunidade perdida
Se a Câmara tivesse aprovado, no ano passado, o projeto que dá poderes de CPI à Comissão de Constituição e Justiça, seria mais fácil investigar casos como os de Sérgio Naya. Mas o governo e o baixo clero da Casa bombardearam a iniciativa.

Faturadinha econômica
Setores políticos do governo defendem que a taxa de juros caia para menos de 30% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária amanhã. Hoje, é de 34,5%. Bastaria vinte e nove vírgula alguma coisa. Para psicologicamente entrar na casa dos 20.

Questão de aparência
Quanto mais se difunde que há pressão política para que os juros caiam abaixo de 30% ao ano, mais o Banco Central tende a resistir à idéia. A equipe econômica se esforça para mostrar que a queda tem uma fundamentação técnica. E não política.

Guerra de nervos
Intriga espalhada ontem pelos governistas do PMDB: Sarney, e não Itamar, seria o adversário de FHC em outubro se o partido decidir pela candidatura própria. Sarney estaria só aguardando o resultado da convenção para reivindicar a sua indicação.

Atrás do prejuízo
Soou o alarme no QG governista do PMDB. Os alardeados 430 votos na convenção emagreceram. E FHC, que não está gostando de se expor, já mostrou a insatisfação com os aliados.

Menos valorizadas
O salário médio da mulheres na Grande SP subiu 0,5% de 96 para 98. O inflação (IPC-Fipe) foi de 4,82%. O valor, R$ 634, é cerca de 60% do que os homens recebem. Os números são do boletim "Mulheres em Dados", que o Seade divulga amanhã.

Xerife sem estrela
O senador Romeu Tuma estava chateado por ter sido escanteado de um jantar ontem entre Maluf e pefelistas de São Paulo.

Controle terceirizado
A ANP (Agência Nacional do Petróleo) está fechando um convênio com o Inmetro, que deverá dividir com universidades a fiscalização da qualidade do combustível nos postos.

Desculpa esfarrapada
Antes de mandar Eduardo Jorge (Secretaria Geral) ao TSE, FHC esperou que Iris Rezende (Justiça) defendesse o governo da acusação de uso eleitoral da máquina. Para o Planalto, faltou um jurista no ministério para fazer a ponte com o Judiciário.

Lobby fardado
Praças da PM fazem romaria amanhã à Assembléia paulista para defender projeto de promoção automática após 15 anos de carreira. Mário Covas e a cúpula da corporação são contra.

Visita à Folha
O ministro da Administração Federal e da Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.

O ministro do Planejamento e Orçamento, Antonio Kandir, visitou ontem a Folha.
TIROTEIO

De Geraldo Pastana (PT-PA), relacionando os pepebistas Maluf, Pitta e Sérgio Naya:
- Para defender o Maluf, o Pitta e o Naya só se o PPB contratar o advogado do diabo.

CONTRAPONTO

O estômago e o limite
Em 96, Francisco Rossi disputou a Prefeitura de São Paulo pelo PDT. Evangélico, a fé do candidato surpreendia políticos de outros partidos que haviam se juntado à sua campanha.
Certa vez, Rossi foi para um compromisso de campanha muito importante em um bairro da periferia da cidade bem na hora do almoço. Estava na companhia de alguns correligionários. Quando chegou ao local, disse, em tom solene:
- Dediquei o dia de hoje ao Senhor. Devo fazer jejum durante todo o dia.
No começo, os correligionários não deram muita bola, mas depois foram ficando impressionados. Apesar da agenda lotada, Rossi aguentou firme, sem comer absolutamente nada.
Quando retornou ao quartel general da campanha, Rossi não resistiu. Falou que estava com fome e pediu um sanduíche. E decepcionou os aliados, que ficaram sem entender o porquê de tanto esforço durante o dia.


E-mail:painel@uol.com.br



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.