São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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PAINEL

Dupla sertaneja

O Planalto não ficará surpreso se o governador Tasso Jereissati (Ceará) abandonar o ninho tucano depois das eleições de outubro para cair no colo do PPS do seu conterrâneo, discípulo e presidenciável Ciro Gomes.

Canto da sereia

Discreto em público, Ciro Gomes (PPS) tem dito reservadamente que Tasso Jereissati (CE) o apoiaria num eventual segundo turno em 2002. Para alguns poucos, diz que Mário Covas (SP) poderá fazer o mesmo.

Briga antiga

Distante de FHC há meses, ao que tudo indica cada vez mais, Tasso Jereissati tem um motivo adicional para romper com o Planalto: o namoro do PSDB com o PMDB. Ao lado de Pimenta da Veiga (Comunicações), o governador cearense articulou pela saída dos peemedebistas da aliança em 99.

União abortada

Minguou por ora o projeto de fusão PFL-PPB. A intenção dos pefelistas era fincar um pé em São Paulo por meio de Paulo Maluf. O que deixou de ser interessante depois do Pittagate.

Conduta imprópria

Tem sido constrangedor: o superburocrata Adhelmar Sabino, diretor-geral da Câmara, participa de reuniões da comissão que discute o teto salarial sentado ao lado do presidente e do relator. É uma espécie de ideólogo dos privilégios.

Inimigos íntimos

Interessa a PMDB e PFL manter o atual tripé na divisão do poder, com um tucano no Planalto e os dois partidos dividindo as presidências da Câmara e do Senado. Fica mais fácil para obter facilidades do Executivo.

Sem sossego

Aprovada para a fiscalização do Banco Central pelo Senado, Teresa Grossi agora está na mira da CPI do Narcotráfico. Alguns parlamentares acham que ela amoleceu na investigação da agência bancária do Acre na qual operava o ex-deputado Hildebrando Pascoal.


Conta-gotas

Muito mais que o nocaute de Celso Pitta, interessa aos tucanos o desgaste lento e abrangente do malufismo. Avalia-se na seara de Mário Covas que Regis de Oliveira, assumindo, complica um quadro sucessório que já é ruim para Alckmin.

Freio de mão

Parte da oposição acredita que, apesar dos holofotes sobre si e do barulho que produz, o Ministério Público já poderia ter avançado mais nas investigações do Pittagate. E que não o faz porque haveria interesses políticos atuando contra.

Egos e trovões

Não vivem bons dias as relações entre os membros do Ministério Público encarregados das investigações do Pittagate. Além de rusgas pessoais, há disputas entre o Gaeco e a Promotoria de Justiça da Cidadania.

Fonte seca

A Igreja Universal do Reino de Deus está se bicando com a Caixa Econômica Federal. Por conta de algumas regalias perdidas em uma agência bancária de Minas Gerais e reivindicações não atendidas pela CEF.

Cruzada anti-racista

A comissária da ONU para os Direitos Humanos, Mary Robinson, chega ao Brasil, dia 15 de maio, para a sessão preparatória da conferência regional da América Latina contra o racismo, que será no Brasil, no fim do ano. A conferência mundial será na África do Sul, em 2001.

Porteira aberta

Começou a corrida: Ana Karen Quental, diretora de marketing da Embratur, é a primeira funcionária do governo a anunciar que deixa o cargo em maio para concorrer às eleições municipais. É candidata à Prefeitura de Cruzeiro (SP) pelo PL.

TIROTEIO

Do advogado de Celso Pitta na área criminal, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, sobre a busca e apreensão à casa de Carlos Augusto Meinberg (secretário de Governo):
- Embora tendo previsão legal, a busca e apreensão domiciliar é medida de extrema violência contra o cidadão, aplicável apenas nos casos de indiscutível necessidade, por haver graves e comprovadas suspeitas. Entrar na casa de alguém lembra as arbitrariedades do regime militar. É irônico que a busca contra Meinberg tenha ocorrido no dia 31 de março.

CONTRAPONTO

De bois e boiadas

Na eleição de 1996, o ministro Costa Leite, que hoje assume a presidência do STJ (Superior Tribunal de Justiça), estava no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) quando recebeu uma causa de abuso de poder econômico.
Um candidato de Santa Catarina era acusado de ter dado um fogão a um eleitor. Costa Leite avaliou que não devia condenar o candidato por algo tão pequeno, já que os grandes casos de abuso de poder econômico muitas vezes nem sequer chegam ao conhecimento do tribunal.
Mas precisava respaldar legalmente sua decisão. Pesquisa daqui e dali, localizou um parecer do ex-ministro Paulo Brossard sobre um candidato acusado de ter doado uma rede a um eleitor.
Brossard inocentou o candidato com o seguinte argumento: não ficara claro se era uma rede de pesca ou de dormir. Além disso, se fossem duas redes...
Inspirado na ginástica jurídica de Brossard, Costa Leite decidiu na mesma direção:
- Como condenar um boi onde passa uma boiada?!!!



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