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ALIADOS EM CRISE
Senador diz que Corregedoria Geral é uma decisão "louvável" de FHC, mas volta a criticar o presidente
ACM afirma ser causa de criação de órgão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) considerou
"louvável" a criação de uma Corregedoria Geral da União, mas
disse que o presidente Fernando
Henrique Cardoso só tomou essa
atitude por causa de suas denúncias de corrupção no governo.
ACM afirmou que o presidente
""não tem humildade" para reconhecer que criou o novo órgão
por causa de sua ""grita". E fez um
alerta: ""Se (a corregedoria) não
funcionar, é malandragem". Para
o senador, FHC foi ""leniente"
com a corrupção em seu governo
e, se tivesse tomado essa atitude
antes, a situação não teria ""se
agravado tanto".
Já o presidente do Senado, Jader
Barbalho (PMDB-PA), principal
opositor de ACM, afirmou que
FHC foi ""oportuno" e ""didático"
ao tratar da questão do combate à
corrupção. ""É um direito político
do presidente dar sua versão dos
fatos. A sociedade brasileira merecia essa exposição e a providência que o presidente tomou foi
correta", disse.
Segundo ACM, a medida tomada pelo presidente não será suficiente para impedir a criação da
CPI da corrupção.
""Não se pode dizer que a CPI está sepultada. Acho que deve ter
uma CPI. A CPI instalada seria
melhor para o presidente. Ele ainda vai pagar um preço alto por
não fazê-la", disse o senador.
Apesar do discurso em defesa
da CPI, ACM ainda não garantiu
os votos dos deputados que seguem sua orientação política no
pedido que propõe sua criação.
""Se for necessário para a CPI, darei o sinal (para que os carlistas
assinem). Se não for, não darei."
O senador negou que dará uma
trégua a FHC, apesar de elogiar
sua atitude de dar uma satisfação
à sociedade de que há corrupção
no governo e de que ele quer combatê-la. ""Continuo em uma posição de independência em relação
ao governo. O trombone tocará
quando for necessário", disse, referindo-se à declaração de FHC de
que é um ""trombone isolado".
ACM começou a entrevista cauteloso, mas acabou fazendo críticas a FHC, principalmente ao comentar o fato de o presidente tê-lo
vinculado ao regime militar no
pronunciamento de ontem.
""O presidente Fernando Henrique foi mais beneficiado pelo regime militar que muita gente que
estava sofrendo naquele tempo. O
regime militar lhe deu uma aposentadoria muito boa."
ACM disse ainda que FHC está
cercado de pessoas oriundas do
regime militar, como o ministro
Pratini de Moraes (Agricultura), o
vice-presidente Marco Maciel e o
presidente do PFL, senador Jorge
Bornhausen (SC). ""Ele está com
uma equipe mista."
O líder do PT na Câmara, deputado Walter Pinheiro (BA), afirmou que FHC quer tirar o foco da
CPI da corrupção ao criar a Corregedoria Geral. "Ele está pressionado pela opinião pública que
identifica corrupção no governo e
tomou a iniciativa para evitar a
CPI", disse.
A oposição vai insistir na criação da CPI. Na Câmara, os líderes
de oposição vão tentar obter pelo
menos 12 assinaturas na bancada
do PL e 15 entre os carlistas.
Para a criação da CPI mista são
necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. A oposição
conseguiu o apoio de 25 senadores e 144 deputados.
Os governistas aproveitaram o
ato do presidente para reforçar o
discurso contrário à criação da
CPI. "Isso acaba com a demagogia e o palanque eleitoral. A corrupção existe em todos os governos. Temos de combatê-la, mas
não com demagogia", afirmou o
líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
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