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Mobilização na região surpreendeu governo e PF
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mobilização do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) em Uruana de Minas
(MG) pegou a Polícia Federal e o
governo de surpresa.
Apesar de vir realizando um extenso trabalho de mapeamento de
possíveis pontos de conflito com
os sem-terra em todo o país, em
nenhum momento o trabalho da
PF chegou a detectar a possibilidade de um cerco à fazenda Renascença, do embaixador Paulo
de Tarso Flecha de Lima.
Tampouco o Incra teve informações sobre a mobilização na
região, no noroeste mineiro. Segundo a assessoria de imprensa
do ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), o ministério também foi surpreendido
com a mobilização em Uruana.
A Polícia Federal trabalhava
com a hipótese de que os manifestantes mudassem para a fazenda
Córrego da Ponte, em Buritis
(MG), que pertence aos filhos do
presidente Fernando Henrique
Cardoso.
Segundo a PF, o envio de manifestantes que estão em Uruana de
Minas para Buritis chegou a ser
discutido na semana passada entre os sem-terra, mas teria sido
descartado. O MST nega essa informação.
Segundo Kenon Oliveira, coordenador regional do MST, a necessidade de fazer uma mobilização como a de Uruana foi discutida durante o último seminário do
movimento, ocorrido nos dias 18
e 19 de março.
"Chegamos à conclusão de que
era necessário fazer uma manifestação nessa mesma época para
cobrar o que nos foi prometido na
época em que estivemos acampados em Buritis", diz Oliveira.
O coordenador dos sem-terra
na região afirma que o objetivo
inicial do movimento era voltar à
fazenda em Buritis. "Decidimos
por Uruana no dia em que soubemos que as saídas de Minas em direção a Buritis estavam todas fechadas pela Polícia Militar."
Apesar de os sem-terra garantirem que não está em discussão o
envio de manifestantes para a região da fazenda da família do presidente, a Polícia Federal considera que a possibilidade não está
descartada.
Um dos líderes da manifestação
em Uruana, Jorge Augusto Xavier, conhecido como Jorjão, foi
enviado de Buritis. Com ele, segundo o coordenador dos sem-terra, foram também cerca de 150
pessoas que estavam acampadas
em Buritis.
"O nosso movimento trabalha
com a solidariedade entre seus
membros. O pessoal foi para lá
para apoiar nossas reivindicações", diz Oliveira.
Com exceção da mobilização
em Uruana de Minas, a PF acredita ter mapeado em todo o país os
pontos críticos que podem gerar
conflito até o próximo dia 17,
marcado como o dia nacional de
mobilização do movimento. No
caso de Minas Gerais, a PF avalia
que seu trabalho é dificultado pela
falta de integração com a Polícia
Militar, subordinada ao governador Itamar Franco (PMDB).
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