São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2001

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MATO GROSSO DO SUL

Zeca do PT recua de convite a pefelista

PAULO MOTA
COORDENADOR-ASSISTENTE

DA AGÊNCIA FOLHA

O governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, recuou ontem na defesa do convite que fez para o ex-deputado Saulo Queiroz, principal executivo do PFL, assumir a secretaria de Articulação Institucional de seu governo.
O convite feito pelo governador a um adversário partidário provocou reações contrárias no PT. O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva classificou a idéia como um "pesadelo". O governador respondeu, dizendo que pesadelo eram as forças que se opunham a ele no Estado.
A presidente estadual do PT, Elza Jorge, disse que o governador "não tem soberania para articular alianças com o PFL".
Na sexta-feira passada, Queiroz disse que recusava o convite, mas que poderia ajudar o governo de Zeca do PT "informalmente".
Após uma reunião com a Executiva Nacional do PT, ocorrida ontem em São Paulo, o governador fez uma autocrítica, dizendo que errou ao fazer o convite sem consultar o partido.
"Claro que faço autocrítica. Na medida em que (o convite) não tem a concordância do PT e que nós entendemos que é estratégico buscar alternativa, temos que fazer autocrítica para apontar para o novo", disse Zeca.
Antes da reunião, o governador justificou o convite dizendo que buscava furar o suposto bloqueio que o PMDB, comandado pelo prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, faz ao seu governo dentro do Estado.
Zeca do PT tem reclamado que parlamentares do PMDB de seu Estado têm bloqueado sistematicamente verbas e projetos que dependem do governo federal.

Sem ressonância
A reclamação do governador não teve eco na Executiva petista. Todos os presentes disseram que o convite a Queiroz não se justificava e que contrariava todas as diretrizes do partido.
O governador disse que admitia o recuo, mas cobrou da executiva um apoio para resolver o problema do cerco peemedebista. Argumentou que o que estava em jogo era a sua reeleição em 2002.
A solução encontrada foi a redação de uma nota genérica, cujo principal objetivo é pôr fim na discussão pública do problema e estancar o desgate de uma eventual aliança com o PFL.
Os dois lados reconhecem, no entanto, que não vêem perspectiva a curto prazo para resolver o problema do isolamento do petista, em 2002, sem contemplar uma aliança com o PFL e o PSDB.
O artifício criado pelo governador e a executiva petista foi a formação de uma comissão para acompanhar a situação, deslocando-se para o Estado.


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