São Paulo, quarta-feira, 03 de abril de 2002

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ALIANÇA EM CRISE

Presidente do PFL afirma que processo sucessório está "sem juiz"

Bornhausen ataca Serra e diz que jogo seguirá "truculento"

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Poucos minutos antes de um encontro que teria no início da noite com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o principal dirigente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), disse que "o jogo sucessório começou truculento e vai terminar truculento". Para ele, "quando o jogo está sem juiz, vale tudo".
Bornhausen é o presidente nacional do PFL e o maior defensor dentro da sigla da manutenção da candidatura à Presidência da governadora Roseana Sarney (MA).
Político de fala comedida, ontem Bornhausen deu declarações um pouco mais fortes que as usuais. Ao responder sobre quem deveria ser o juiz do jogo sucessório, disse que caberia aos candidatos. "Só que as normas do bom senso não foram apresentadas ao [José] Serra [pré-candidato do PSDB a presidente]."
O pefelista falou à Folha às 18h, enquanto esperava um telefonema que não vinha do Palácio do Planalto. O encontro acabou adiado para amanhã.
Bornhausen demonstrou pouco interesse no encontro: "O presidente me chamou para conversar antes do feriado de Páscoa. Não sei qual é a pauta. Disse a ele que estava viajando para o exterior e marcamos para hoje [ontem"".
Indagado se falaria a FHC sobre sua previsão de truculência na disputa presidencial, Bornhausen deu uma de suas respostas curtas: "Se ele me perguntar, eu direi". O pefelista entremeou suas declarações afirmando ser "amigo do presidente de longa data".
Sobre o comportamento do PFL, disse que "para cada cutucão que o partido receber, dará um cutucão correspondente". Como até agora os pefelistas não atacaram nenhum adversário, Bornhausen disse: "Estivemos muito comedidos. Pode esperar mais. O tempo é o senhor dessa situação".

Jaime Lerner
Bornhausen conversou nesta semana com o governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), que está no seu segundo mandato à frente daquele Estado.
Lerner deseja a recomposição da aliança do PFL com o PSDB. Ontem, o paranaense esteve em Brasília e almoçou com o vice-presidente da Republica, o pefelista Marco Maciel, que também deseja um armistício com os tucanos. A posição de ambos, Lerner e Maciel, é minoritária no PFL.
A possibilidade de Lerner sair do governo para tentar ser o candidato a vice-presidente na chapa com Serra é remota. "Essa conversa não existe no PFL", diz o secretário-executivo da sigla, Saulo Queiroz.
Bornhausen deseja que Lerner seja candidato ao Senado. Mas essa decisão ainda não foi tomada pelo paranaense, que cogita também não concorrer a nada nesta eleição, ficando no cargo até dezembro.
Para Bornhausen, as últimas pesquisas demonstram que o pré-candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, vai para o segundo turno.
"Foi isso o que conseguiram desarrumando o jogo", disse. Para ele, "outros quatro candidatos vão disputar, como se diz no turfe, pescoço a pescoço, a outra vaga para o segundo turno", declarou o presidente do PFL.
Quais a chances de o PFL desistir e apoiar outro candidato? "O PFL tem candidata. A conversa agora ficou para o segundo turno", responde Bornhausen.



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