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ALIANÇA EM CRISE
Presidente do PFL afirma que processo sucessório está "sem juiz"
Bornhausen ataca Serra e diz que jogo seguirá "truculento"
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Poucos minutos antes de um
encontro que teria no início da
noite com o presidente Fernando
Henrique Cardoso, o principal dirigente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), disse
que "o jogo sucessório começou
truculento e vai terminar truculento". Para ele, "quando o jogo
está sem juiz, vale tudo".
Bornhausen é o presidente nacional do PFL e o maior defensor
dentro da sigla da manutenção da
candidatura à Presidência da governadora Roseana Sarney (MA).
Político de fala comedida, ontem Bornhausen deu declarações
um pouco mais fortes que as
usuais. Ao responder sobre quem
deveria ser o juiz do jogo sucessório, disse que caberia aos candidatos. "Só que as normas do bom
senso não foram apresentadas ao
[José] Serra [pré-candidato do
PSDB a presidente]."
O pefelista falou à Folha às 18h,
enquanto esperava um telefonema que não vinha do Palácio do
Planalto. O encontro acabou adiado para amanhã.
Bornhausen demonstrou pouco
interesse no encontro: "O presidente me chamou para conversar
antes do feriado de Páscoa. Não
sei qual é a pauta. Disse a ele que
estava viajando para o exterior e
marcamos para hoje [ontem"".
Indagado se falaria a FHC sobre
sua previsão de truculência na
disputa presidencial, Bornhausen
deu uma de suas respostas curtas:
"Se ele me perguntar, eu direi". O
pefelista entremeou suas declarações afirmando ser "amigo do
presidente de longa data".
Sobre o comportamento do
PFL, disse que "para cada cutucão
que o partido receber, dará um
cutucão correspondente". Como
até agora os pefelistas não atacaram nenhum adversário, Bornhausen disse: "Estivemos muito
comedidos. Pode esperar mais. O
tempo é o senhor dessa situação".
Jaime Lerner
Bornhausen conversou nesta
semana com o governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), que está
no seu segundo mandato à frente
daquele Estado.
Lerner deseja a recomposição
da aliança do PFL com o PSDB.
Ontem, o paranaense esteve em
Brasília e almoçou com o vice-presidente da Republica, o pefelista Marco Maciel, que também
deseja um armistício com os tucanos. A posição de ambos, Lerner e
Maciel, é minoritária no PFL.
A possibilidade de Lerner sair
do governo para tentar ser o candidato a vice-presidente na chapa
com Serra é remota. "Essa conversa não existe no PFL", diz o secretário-executivo da sigla, Saulo
Queiroz.
Bornhausen deseja que Lerner
seja candidato ao Senado. Mas essa decisão ainda não foi tomada
pelo paranaense, que cogita também não concorrer a nada nesta
eleição, ficando no cargo até dezembro.
Para Bornhausen, as últimas
pesquisas demonstram que o pré-candidato do PT a presidente,
Luiz Inácio Lula da Silva, vai para
o segundo turno.
"Foi isso o que conseguiram desarrumando o jogo", disse. Para
ele, "outros quatro candidatos
vão disputar, como se diz no turfe, pescoço a pescoço, a outra vaga
para o segundo turno", declarou
o presidente do PFL.
Quais a chances de o PFL desistir e apoiar outro candidato? "O
PFL tem candidata. A conversa
agora ficou para o segundo turno", responde Bornhausen.
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