São Paulo, quarta-feira, 03 de abril de 2002

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JANIO DE FREITAS

Responsáveis também

A passividade com que os governantes, em todo o mundo, acompanham a intensificação do massacre de populações civis e desarmadas, na Palestina, é de baixeza idêntica à dos militares facinorosos que determinam, caso do desatinado Ariel Sharon, e executam o massacre.
A dimensão da baixeza desses governantes recebeu uma ilustração adicional com a movimentação que vários deles iniciaram anteontem - porque o preço do petróleo deu um salto, puxado pela escalada dos riscos de reações no mundo árabe, como decorrência da crescente investida dos militares israelenses para arrasar cidades e populações palestinas.

Nova onda
A recusa do governador Jarbas Vasconcelos a integrar a chapa de José Serra, como candidato peemedebista a vice-presidente, abriu ontem parte das cortinas de conveniência que têm encoberto intensa movimentação em torno de estratégias do PMDB, do PT, do PPS e até do PSDB.
A dificuldade de manter a aliança partidária em Pernambuco, caso o governador desistisse de sua reeleição, é apenas um pretexto público para a realidade pouco afável com os peessedebistas: Jarbas Vasconcelos não desejou, em momento algum, incorporar-se à candidatura de José Serra. Deixou que o assunto prosperasse acalentado por outros, tendo em sua defesa o fato de que jamais emitiu um só estímulo às esperanças de Serra e do comando peessedebista.
Em encontro seu com Fernando Henrique Cardoso e Serra, há duas semanas, pôs os dois atônitos: ouviu, ouviu, já não tinham mais o que dizer, e Jarbas Vasconcelos não disse nada, absolutamente nada. Já sabia, sempre soube, qual era sua disposição (e dela sei muito bem que Serra teve conhecimento, com as reservas talvez que eu lhe mereça, há mais de uma semana). Encontrar um vice conveniente, eis o problema que aflige Serra. Problema difícil. Embora o noticiário e a crônica política falem muito em Itamar Franco, esta é uma das composições mais improváveis dentre as mais improváveis.
No PMDB inicia-se hoje, durante reunião de cúpula em Brasília, nova série de manobras táticas com a finalidade de obstruir, pelo menos até a metade do ano, qualquer composição com o PSDB e seu candidato. Projetam-se duas linhas possíveis, em contraposição aos já envolvidos com Serra. Uma delas seria forçar o lançamento de Pedro Simon à presidência, para ativar campanha nacional que levassem à eleição de grandes bancadas para Câmara e Assembléias. Outra, não lançar candidato nem fazer aliança para a presidência, compondo em cada Estado da maneira mais conveniente para disputar o governo local e senatórias.
Com a agitação no PMDB e no PSDB - neste, já são muitos os convencidos de que a aliança com os peemedebistas torna-se difícil- começa hoje um novo capítulo da disputa eleitoral.

À espera
O presidente da CNBB e o presidente do TSE, d. Jayme Chemello e Nelson Jobim, tiveram demorada conversa sobre assuntos políticos e eleitorais. Um deles foi a situação eleitoral de Cristovam Buarque, pendente da decisão no processo em que é acusado de propaganda eleitoral irregular, na eleição passada. O presidente da CNBB tem a convicção de o ex-governador do Distrito Federal está sendo processado indevida e injustamente. E é isso mesmo.


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