|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NO AR
O que é terrorismo
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
- Por que vocês não qualificam Arafat como terrorista?
Foi uma das perguntas ouvidas pelo secretário de Estado,
Colin Powell, em sua ronda nos
telejornais americanos pela manhã, reproduzida à noite nos
brasileiros.
A resposta foi que, como participou do processo de paz, Iasser
Arafat não pode ser visto como
os demais chefes de estado que
mantêm terroristas em suas
fronteiras.
O presidente George W. Bush
foi na mesma linha, inesperadamente. Ele agora diz que Arafat
não pode ser tratado como um
mulá Omar, por exemplo, porque negociou a paz. Do porta-voz de Bush:
- A situação é, de fato, diferente.
Ele sublinhou que o líder palestino reconheceu o direito de
Israel de existir, o que Osama
bin Laden, entre outros, nunca
fez. E arrematou o porta-voz, ao
repórter:
- Entendo que você queira
compará-los. Mas essa não é
uma comparação que o presidente aceite.
Voltando às entrevistas de Colin Powell, uma declaração dele
ao programa The Early Show,
da CBS, talvez indique por que
Arafat, de repente, tornou-se
"diferente":
- Não serviria ao nosso propósito, agora, qualificá-lo como
terrorista.
"Agora", ou seja, neste início
de semana, os preços do petróleo
dispararam.
Não foi só o governo americano que mudou ou apresentou
divisão, em suas declarações à
TV. Sharon, com ironia extremista, defendeu a viagem de
Arafat ao exterior, mas com
"passagem só de ida", como destacou a CNN.
Não demorou e seu próprio
ministro do Exterior, o trabalhista Shimon Peres, apareceu
na rede BBC dizendo ser contra
a imposição de exílio ao líder
palestino.
Na mesma BBC, um negociador indicado pelos palestinos
disse que Arafat não vai se exilar e voltou a falar:
- Eu acredito que Sharon
quer nos matar.
O Jornal da Band reproduziu
cenas da entrevista de Sharon,
com destaque para um diálogo
entre ele e um assessor militar
-quando a coletiva já havia se
encerrado. Primeiro cochichou
o assessor:
- Nós precisamos expulsá-lo
agora.
E Sharon:
- Eu sei.
Do Jornal Nacional ao Jornal
da Noite, na Band, não tem noticiário que não retrate o horror
de Ramallah.
Mas, antes ou depois das cenas da "cidade fantasma", surgem as daqui, tão parecidas
-de uma granada que explode
no Rio ou de uma escola de
Guaianazes em que a professora
foi assassinada.
Texto Anterior: Janio de Freitas: Responsáveis também Próximo Texto: Congresso: Câmara não vota MPs e atrasa CPMF Índice
|