São Paulo, quarta-feira, 03 de abril de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Presidente do Superior Tribunal de Justiça diz que só divulga decisão hoje, depois de deixar o cargo

Garotinho anuncia Costa Leite como vice

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Rio e pré-candidato do PSB a presidente, Anthony Garotinho, anunciou ontem que o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Paulo Costa Leite, deverá ser o vice em sua chapa.
Segundo Garotinho, a festa política para receber Costa Leite no PSB está marcada para o próximo dia 10, em Brasília. Como magistrado, ele tem até o dia 6 para assinar a sua ficha de filiação, de acordo com a Lei Eleitoral.
"Há muitos nomes cotados, mas Costa Leite deverá ser meu vice", disse o governador, após inaugurar um centro esportivo para deficientes físicos, em Niterói (Grande Rio). O presidente do STJ, que deixa o cargo de ministro hoje e se aposenta amanhã, tinha convites para se filiar ao PT e ao PPS, além do PSB.
A assessoria do ministro Costa Leite informou que ele só anuncia seu destino político às 15 horas, quando se afasta oficialmente do tribunal.
Interlocutores informaram, porém, que a tendência de Costa Leite seria mesmo a de fechar com o partido de Garotinho.
Ele ainda estaria indeciso quanto ao cargo eletivo que deverá disputar: deputado federal pelo Distrito Federal ou vice na chapa de Garotinho. A Folha apurou que o governador do Rio ligou para a casa de Costa Leite na manhã do último domingo. Os dois conversaram por cerca de 40 minutos e Garotinho reiterou o convite para acompanhá-lo em sua chapa presidencial.
No dia 4 de fevereiro, quando esteve em Brasília para inaugurar a sede do PSB, o governador se reuniu com Costa Leite. No encontro, intermediado pelo deputado distrital Rodrigo Rollemberg, pré-candidato do PSB ao governo do Distrito Federal, Garotinho falou pela primeira vez na possibilidade de o ministro ser seu vice.
O ministro não respondeu ao convite, mas, desde então, os dois vêm se falando, com frequência, por telefone.

Posição crítica
Aos 53 anos, Costa Leite ingressou no STJ em 1988. Sua passagem pela Presidência do tribunal, iniciada em abril de 2000, foi marcada por uma posição crítica à administração do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Defensor dos interesses do funcionalismo público, o ministro chegou a dizer, em 30 de outubro do ano passado, que a política salarial do governo federal era "inconcebível".
"Parece firmar-se no mesmo propósito de desestruturar o Estado e desvalorizar a sofrida classe [de servidores"", disse.
Costa Leite também já criticou publicamente a política social do governo de Fernando Henrique Cardoso e a falta de um projeto nacional de combate à violência.
Em maio, durante a crise energética, ele culpou a "imprevidência", a "incúria" e a "falta de planejamento" do governo no trato da questão, que teriam levado o país a um "quase estado de calamidade pública".

Coesão
Em Niterói, Garotinho reafirmou que não desistirá de sua candidatura e que o PSB está coeso em torno de seu nome.
Ele disse que há um "jogo de interesses" de petistas e tucanos para prejudicar sua pré-candidatura à Presidência da República, forçando um segundo turno entre os pré-candidatos José Serra (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Não vejo por que um candidato que está em segundo lugar nas pesquisas eleitorais deveria retirar a sua candidatura, a não ser por um desejo muito forte de meus adversários", disse.
Na última pesquisa Datafolha, realizada em 12 de março, Anthony Garotinho aparece em terceiro lugar, com 14% das intenções de voto, atrás do petista Luiz Inácio Lula da Silva (25%) e do tucano José Serra (17%).


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