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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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ANÁLISE

PT mostrou que tem capacidade de negociação

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o governo, a vitória de ontem na Câmara foi importante nem tanto pelo conteúdo da emenda constitucional que permitirá a regulamentação do artigo 192 da Constituição por meio de várias leis complementares, mas pela demonstração dada de que o PT é capaz de segurar seus radicais e de negociar maiorias para aprovar as reformas.
Até a votação de ontem, ao menos três perguntas incomodavam sobretudo o mercado financeiro:
1 - O governo será capaz de controlar seus radicais?
2 - Ele será capaz de atrair apoios além dos partidos que compõem a coalizão de esquerda governamental, sobretudo o PMDB e o PPB?
3 - A base de sustentação congressual, com pouco mais de 250 deputados, não seria estreita demais para assegurar a governabilidade?
Submetidos às rígidas regras de disciplina partidária, os radicais do PT negaram fogo. Numa expressão recorrente do governo Fernando Henrique Cardoso, ficou claro que eles são bons de"bumbo", mas ruins de voto.
Mais importante que o enquadramento dos fundamentalistas da sigla talvez tenha sido a resposta obtida pelo governo no PMDB e PPB, que gravitam na órbita do Planalto, mas ainda não foram integrados à coalizão governista.
Dos 71 deputados do PMDB, 66 compareceram à sessão, e 62 votaram com o governo. Um índice de fidelidade poucas vezes visto na legenda. No PPB, a adesão foi de 41 em 44 votos. Se levar a um bom termo as negociações para a inserção dos dois partidos na chamada base, o Planalto poderá dizer com segurança que dispõe de maioria para governar.
A maior virtude mostrada pelo governo foi a capacidade de negociar internamente e com a oposição, que será vital quando a pauta de discussão enveredar por temas menos abstratos e mais concretos para o contribuinte-eleitor e as corporações, como as reformas previdenciária e tributária.


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