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ANÁLISE
PT mostrou que tem capacidade de negociação
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o governo, a vitória de ontem na Câmara foi importante
nem tanto pelo conteúdo da
emenda constitucional que permitirá a regulamentação do artigo
192 da Constituição por meio de
várias leis complementares, mas
pela demonstração dada de que o
PT é capaz de segurar seus radicais e de negociar maiorias para
aprovar as reformas.
Até a votação de ontem, ao menos três perguntas incomodavam
sobretudo o mercado financeiro:
1 - O governo será capaz de controlar seus radicais?
2 - Ele será capaz de atrair
apoios além dos partidos que
compõem a coalizão de esquerda
governamental, sobretudo o
PMDB e o PPB?
3 - A base de sustentação congressual, com pouco mais de 250
deputados, não seria estreita demais para assegurar a governabilidade?
Submetidos às rígidas regras de
disciplina partidária, os radicais
do PT negaram fogo. Numa expressão recorrente do governo
Fernando Henrique Cardoso, ficou claro que eles são bons de"bumbo", mas ruins de voto.
Mais importante que o enquadramento dos fundamentalistas
da sigla talvez tenha sido a resposta obtida pelo governo no PMDB
e PPB, que gravitam na órbita do
Planalto, mas ainda não foram integrados à coalizão governista.
Dos 71 deputados do PMDB, 66
compareceram à sessão, e 62 votaram com o governo. Um índice
de fidelidade poucas vezes visto
na legenda. No PPB, a adesão foi
de 41 em 44 votos. Se levar a um
bom termo as negociações para a
inserção dos dois partidos na chamada base, o Planalto poderá dizer com segurança que dispõe de
maioria para governar.
A maior virtude mostrada pelo
governo foi a capacidade de negociar internamente e com a oposição, que será vital quando a pauta
de discussão enveredar por temas
menos abstratos e mais concretos
para o contribuinte-eleitor e as
corporações, como as reformas
previdenciária e tributária.
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