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QUESTÃO INDÍGENA
Vítimas investigavam morte de pastor
Grupo de índios caiuás é acusado de matar dois policiais em Dourados
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Um grupo de índios caiuás é
acusado de ter matado a tiros,
facadas e pauladas dois policiais
civis e de ferir outro, por volta das
16h de anteontem, em uma área
disputada com fazendeiros em
Dourados (MS). Quatro índios
foram presos ontem. A Polícia
Civil afirmou que dezenas deles
participaram da emboscada.
"Os policiais tinham a informação de que o autor do homicídio
de um pastor evangélico [ocorrido na sexta-feira] estaria escondido lá, naquele acampamento",
disse o delegado Fernando Paciello sobre o motivo da ida ao local.
"Ao descerem do carro, os policiais foram emboscados e barbaramente torturados por um grupo de índios", disse o delegado.
Os caiuás tomaram dos policiais
três revólveres calibres 38, uma
pistola e uma escopeta. Segundo o
delegado, o grupo atirou com as
armas tomadas das vítimas. Morreram Ronilson Magalhães Bartie, 36, e Rodrigo Lorenzatto, 26.
Emerson José Gadani, 33, levou
apenas facadas e sobreviveu.
A polícia diz não saber por que
os índios atacaram os policiais.
"Ainda não se sabe o que aconteceu. É bom deixar claro que aquilo era um acampamento, não
uma aldeia", disse o delegado.
"A versão dos índios é que os
policiais deram um "cavalo-de-pau" dentro da área. Ainda apuramos a motivação. O caso nos
surpreendeu porque os caiuás são
muito pacíficos", disse Marcos
Homero Lima, assessor técnico
do MPF (Ministério Público Federal), que esteve ontem na área.
Segundo o MPF, cerca de cem
índios -incluindo mulheres e
crianças- estão há dois anos em
uma área de 40,8 hectares, que é
parte da fazenda Campo Belo.
No mês de fevereiro - ainda de
acordo com o MPF-, o Tribunal
Regional Federal em São Paulo
autorizou a permanência dos índios na área. O grupo reivindica
um território indígena de 8.800
hectares chamado Passapiraju.
O MPF informou que há três
inquéritos na Polícia Federal que
apuram agressões e ameaças de
fazendeiros contra índios naquela
área em litígio. "Na semana passada, o cacique [líder indígena]
Carlito [Oliveira] telefonou e disse que tinham pessoas estranhas
rondando a área", disse Lima.
"Pelo que os índios [presos]
confessaram, o autor do crime foi
o cacique Carlito [Oliveira]. Ele
deu a ordem e estava foragido",
disse o delegado Paciello.
Por se tratar de assassinato, os
índios estão presos na Polícia Civil. Se a investigação apontar conflito agrário envolvendo indígenas, o caso passará à Polícia Federal. Isso ocorreu na morte do
índio guarani Dorvalino Rocha,
39, assassinado em dezembro por
um segurança de fazenda em
Antônio João (MS). Para Paciello,
a morte dos policiais não envolve
disputa agrária. "Eles [os índios]
já são aculturados", afirmou.
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