São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/ESTADOS

Coalizão PSDB-PFL controla dez Estados com 57% dos eleitores, enquanto os três do PT concentram apenas 3,1% do eleitorado

Aliança tucana larga na frente nos Estados

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a aliança quase formada entre PSDB e PFL, os dois partidos entram na disputa presidencial com os governadores de dez Estados, onde estão concentrados 57% dos eleitores do país.
O PT tem apenas três governadores, que representam meros 3,1% do eleitorado, pois são de Estados de menor expressão.
Do ponto de vista numérico, o cenário não é muito diverso de 2002 para o PSDB, quando os tucanos se aliaram formalmente ao PMDB para tentar eleger José Serra, que acabara de deixar o Ministério da Saúde. Naquele ano, as duas siglas somavam 11 governos estaduais, com 55% dos eleitores do país -esse era o número de meados de 2002, e não o resultado da eleição anterior, de 1998.
A diferença é que, desta vez, o PSDB volta a ter como aliado um partido que sempre foi mais fiel do que o PMDB. A candidatura presidencial do tucano Geraldo Alckmin conta com o apoio total dos governadores pefelistas. Em 2002, José Serra enfrentou várias dissidências no PMDB.

Prefeitos
A coalização tucano-pefelista também tem desta vez o apoio direto dos prefeitos das duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro -ocupadas pelos pefelistas Gilberto Kassab e Cesar Maia, respectivamente.
Em 2002, a cidade de São Paulo era comandada pela petista Marta Suplicy -uma das mais inflamadas apoiadoras do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
O PT ganhou a eleição presidencial no segundo turno contra José Serra (61,3% dos votos contra 38,7%). A diferença de 2002 para hoje é que o petista entrou na disputa pelo Palácio do Planalto há quatro anos com muito mais governadores do seu lado.
Lula tinha na sua retaguarda cinco governadores petistas: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Acre e Amapá. Além disso, algumas circunstâncias o favoreceram naquele ano.

São Paulo e Bahia
Em São Paulo, o PT conseguiu colocar o seu candidato a governador no segundo turno (quando José Genoino disputou e perdeu para Geraldo Alckmin). Na Bahia, comandada politicamente pelo pefelista Antonio Carlos Magalhães, a campanha de Lula teve portas abertas, pois, à época, ACM estava em desacordo com José Serra.
Hoje, é incerto o resultado da eleição paulista para o PT, pois o tucano José Serra aparece em pesquisas como favorito para vencer a eleição no primeiro turno. Na Bahia, o quarto maior eleitorado do país, ACM tem declarado que fará todo o possível para viabilizar Geraldo Alckmin, pois agora o pefelista baiano tornou-se um desafeto de Lula.
O futuro dos candidatos petistas nas disputas estaduais em geral é considerado um problema pela direção do PT, sobretudo nos maiores colégios eleitorais. Nesta época, em 2002, a sigla já havia realizado pesquisas e montado várias pré-estruturas para as campanhas regionais. Desta vez, quase nada. Até os estudos internos sobre conjuntura eleitoral do país têm sido escassos na agremiação.

Outros partidos
O quadro evolutivo dos governadores de Estado mostra uma certa estabilidade entre os partidos. PSDB, PMDB e PFL sempre tiveram a maioria nos últimos 12 anos. O PT, mesmo tendo chegado ao Palácio do Planalto, registra uma participação modesta em governos estaduais.
Outro fato a ser notado é a decadência acentuada do PP -partido derivado diretamente da Arena, sigla que deu sustentação à ditadura militar (1964-1985). A cada eleição, conquista menos Estados. Em 2002, nada. Agora, tem apenas Goiás, porque o pepista Alcides Rodrigues era o vice do governador Marconi Perilo (PSDB), que renunciou ao mandato para disputar uma vaga no Senado na eleição de outubro.
Entre os partidos médios e pequenos, PSB, PPS e PDT têm conseguido se manter sempre na faixa de um a quatro governos estaduais a cada eleição.

Cláusula de barreira
Desta vez, as siglas pequenas todas vão optar por priorizar as eleições para a Câmara dos Deputados. É que passou a vigorar a cláusula de barreira. O partido com menos de 5% dos votos para deputado em todo o país terá várias restrições funcionais (pouco tempo de TV no horário gratuito e só 1% do fundo partidário).


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