São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

São muitas emoções

Reprodução
Marcos Pontes no site Wikipedia, em foto da Nasa; e na nave Soyuz, durante entrevista à Globo


De 31 de março para 1º de abril, William Bonner entrevistou o astronauta Marcos Pontes, para edição no "Jornal Nacional".
Rendeu manchete interminável, sábado:
No espaço, a nave Soyuz se move para se acoplar à estação espacial. A centenas de quilômetros de altitude, o primeiro astronauta brasileiro recebe as boas-vindas. Na madrugada de 1º de abril, uma imagem de Marcos Pontes conquista lugar na história. Ele fala com exclusividade ao "JN", a primeira entrevista desde que partiu para o espaço.
Pontes defende a importância de sua viagem, comenta as críticas na comunidade científica ao projeto de US$ 10 milhões, a emoção de ver o planeta girando no espaço e a esperança no futuro do programa espacial do Brasil.
O apresentador tornado entrevistador começou falando ao "coronel" de seu "prazer em vê-lo", depois da "missão histórica", das "críticas de alguns setores da comunidade científica", dos "experimentos".
Por fim, Bonner saiu-se com esta pergunta: O senhor sabe que muitos astronautas que tiveram uma experiência como a sua, de enxergar o nosso planeta girando devagar, aí do alto, tiveram uma modificação na forma de enxergar a vida, uma mudança na sua espiritualidade. De alguma forma o senhor já sentiu algo neste sentido?
Marcos Pontes não deixou por menos:
Olha, são muitas emoções, são muitos momentos muito marcantes em pouco tempo, então existe um supercarregamento de emoções.



Desperdício de dinheiro ou não, lá estava Pontes, "o primeiro brasileiro no espaço", fechando a semana na homepage da Wikipedia original. Mas com a bandeira americana ao fundo.

Mudança geral
Aproximam-se as eleições nos EUA e, diz o "New York Times" no alto da primeira página, a "Internet injeta mudança geral na política dos EUA".
- Estão sendo reescritas as regras de marketing, arrecadação, mobilização e divulgação de informação negativa.
Para os estrategistas republicanos e democratas, a rede "é muito mais eficiente e mais barata do que os instrumentos tradicionais". E tudo começou, co mo se sabe, na campanha derrotada do democrata Howard Dean, há dois anos.

Visões do futuro
Uma das estrelas da reportagem é o blogueiro Markos Moulitsas, do Daily Kos.
Ele lançou "Crashing the Gate", que se pretende um guia para tirar George W. Bush do poder. Sua versão republicana, Glenn Reynolds, do Instapundit, lançou "An Army of Davids", que se pretende um retrato do poder da blogosfera.
Para Scott Rosenberg, da Salon.com, os blogs de ambos, mais do que os livros, retratam suas "visões do futuro como campo de batalha populista ou paraíso libertário".

BRANDINDO

Reprodução
Guido Mantega no "FT"


Guido Mantega não é Antonio Palocci, ao menos na versão do novo correspondente do "Financial Times", Jonathan Wheatley, que também não é Raymond Collit, o anterior. Abrindo a entrevista, na edição do fim-de-semana:
Se as coisas tivessem corrido como planejado, Guido Mantega teria iniciado a entrevista ao "FT" (sua primeira exclusiva desde que virou ministro) com uma piada sobre a convocação inesperada a Brasília, recebida com prazo tão curto que ele e seus assessores tiveram de comprar ternos a caminho do palácio. Em vez disso, entra na sala brandindo uma reportagem do "FT" sobre assassinato e corrupção na política brasileira e acusando o jornal de ter caído na manipulação de adversários do governo de esquerda do presidente Lula. Mantega está na defensiva. Sua indicação abalou os mercados.
Na capa da edição americana, o enunciado foi "Não há necessidade" de reforma fiscal no Brasil". No ft.com, "Respostas podem desanimar investidores".

E-mail: nelsondesa@folhasp.com.br


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