São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Refluxo

"Se enquanto militares eles já fazem isso, imagine o que farão subordinados a um comando civil." A frase, dita por Lula em reunião ontem, resume o tom adotado pelo presidente três dias depois do acordo fechado pelo governo para suspender a greve dos controladores de vôo. Além da necessidade de alisar o comando da Aeronáutica, machucado no episódio, Lula se diz incomodado com a escalada de ameaças dos controladores, que no sábado, mal haviam arrancado uma série de concessões, puseram-se a acenar com a possibilidade de outro apagão na Páscoa (ontem recuaram). O novo estado de espírito no Planalto, onde agora se fala que é preciso decidir "com calma", pode atrasar em alguns dias a edição da MP da desmilitarização.

Assopra. Ao receber ontem o comandante da FAB, Juniti Saito, Lula, além de pródigo em elogios, foi taxativo: disse que qualquer alternativa encontrada para a encrenca dos controladores terá a participação da Aeronáutica.

Morde. Na cúpula do governo, já se encontra quem afirme que, embora o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) tenha dito aos amotinados que não haverá punições, ninguém poderá interferir nas decisões da Justiça Militar.

Mais uma. Além de sucessivas reuniões com ministros para tratar da crise aérea, Lula cogita levar o assunto ao Conselho Político, instância que congrega os presidentes de siglas da coalizão governista.

Cara de paisagem. Na reunião ministerial de ontem, chamou a atenção dos presentes a impassibilidade de Waldir Pires. Quando Lula puxou o assunto da encrenca nos aeroportos, já na parte final do encontro, o titular da Defesa fez que não era com ele.

Figurino. A oposição recortou e guardou a foto em que o advogado Roberto Teixeira aparece no Palácio do Planalto ao lado dos proprietários da Gol, na audiência motivada pela compra da Varig. Acha que o compadre de Lula tem tudo para se transformar no Paulo Okamotto da CPI do Apagão Aéreo. "Ou mesmo no Marcos Valério", arrisca um pefelista mais radical.

Inútil. Deputados oposicionistas consideram cortina de fumaça do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a idéia de criar uma Comissão Especial para apurar o caos aéreo. "Se ela convocar um brigadeiro e um controlador e eles se recusarem a ir, estará desmoralizada", diz Gustavo Fruet (PSDB-PR).

Meia volta. Cerca de dez deputados petistas ouviram um redondo "não" de Fernando Haddad ao indicarem o colega Irineu Colombo (PR) para cargo na Educação. Resta ao ministro torcer para não precisar tão cedo da bancada.

SPC 1. A tesouraria do PT vai apresentar ao Diretório Nacional, em reunião nos dias 20 e 21, uma lista com os nomes dos integrantes da sigla em cargos de confiança no governo federal que não estão em dia com o "dízimo" -contribuição mensal ao partido.

SPC 2. De acordo com a tesouraria, são 4.000 petistas que, após quatro anos de governo Lula, devem ao partido um total de aproximadamente R$ 30 milhões. A dívida do PT na praça é de R$ 50 milhões, incluída a quantia herdada da campanha reeleitoral.

Em todas. Al Gore participará da festa de 1º de Maio da Força Sindical via teleconferência. A central tentou trazer o ex-vice-presidente americano ao país, mas esbarrou na agenda cada vez mais lotada após o sucesso de seu filme sobre o aquecimento global.

Ele voltou. O painel relativo ao impeachment no chamado "túnel do tempo" do Senado, que havia sido retirado na época da posse dos novos parlamentares, foi recolocado. O texto diz que o agora senador Fernando Collor (PTB-AL) foi "afastado do governo em inédito processo conduzido pelo Congresso Nacional".

Não pegou. Aliados se esforçam para convencer o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a desistir das esvaziadas sessões de segundas e concentrar esforços nas terças e quartas.

Tiroteio

"O importante é que se dê responsabilidade a quem tem responsabilidade. A Infraero não é culpada pelo apagão aéreo". Do deputado CARLOS WILSON (PT-SP), ex-presidente da Infraero, sobre a intenção oposicionista de investigar na CPI suspeitas de irregularidades durante sua gestão à frente da empresa.

Contraponto

Idéias ao léu

O ministro da Justiça, Tarso Genro, foi ao Rio na semana passada conversar com alunos da Universidade Cândido Mendes. Ao chegar, de helicóptero, estranhou uma chuva de papel na pista de pouso.
Quando desceu, encontrou seu assessor um tanto constrangido:
-Ministro, sua palestra voou...
-Bom, pelo menos vou ter alguns momentos de bom humor-, respondeu Tarso, que conseguiu quebrar o gelo com a platéia ao abrir sua exposição contando o incidente ocorrido minutos antes.


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