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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Refluxo
"Se enquanto militares eles já fazem isso, imagine o
que farão subordinados a um comando civil." A frase,
dita por Lula em reunião ontem, resume o tom adotado pelo presidente três dias depois do acordo fechado
pelo governo para suspender a greve dos controladores de vôo. Além da necessidade de alisar o comando
da Aeronáutica, machucado no episódio, Lula se diz
incomodado com a escalada de ameaças dos controladores, que no sábado, mal haviam arrancado uma série de concessões, puseram-se a acenar com a possibilidade de outro apagão na Páscoa (ontem recuaram).
O novo estado de espírito no Planalto, onde agora se
fala que é preciso decidir "com calma", pode atrasar
em alguns dias a edição da MP da desmilitarização.
Assopra. Ao receber ontem
o comandante da FAB, Juniti
Saito, Lula, além de pródigo
em elogios, foi taxativo: disse
que qualquer alternativa encontrada para a encrenca dos
controladores terá a participação da Aeronáutica.
Morde. Na cúpula do governo, já se encontra quem afirme que, embora o ministro
Paulo Bernardo (Planejamento) tenha dito aos amotinados
que não haverá punições, ninguém poderá interferir nas
decisões da Justiça Militar.
Mais uma. Além de sucessivas reuniões com ministros
para tratar da crise aérea, Lula
cogita levar o assunto ao Conselho Político, instância que
congrega os presidentes de siglas da coalizão governista.
Cara de paisagem. Na
reunião ministerial de ontem,
chamou a atenção dos presentes a impassibilidade de Waldir Pires. Quando Lula puxou
o assunto da encrenca nos aeroportos, já na parte final do
encontro, o titular da Defesa
fez que não era com ele.
Figurino. A oposição recortou e guardou a foto em que o
advogado Roberto Teixeira
aparece no Palácio do Planalto ao lado dos proprietários da
Gol, na audiência motivada
pela compra da Varig. Acha
que o compadre de Lula tem
tudo para se transformar no
Paulo Okamotto da CPI do
Apagão Aéreo. "Ou mesmo no
Marcos Valério", arrisca um
pefelista mais radical.
Inútil. Deputados oposicionistas consideram cortina de
fumaça do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a idéia de criar uma Comissão Especial para apurar o
caos aéreo. "Se ela convocar
um brigadeiro e um controlador e eles se recusarem a ir,
estará desmoralizada", diz
Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Meia volta. Cerca de dez
deputados petistas ouviram
um redondo "não" de Fernando Haddad ao indicarem o colega Irineu Colombo (PR) para cargo na Educação. Resta
ao ministro torcer para não
precisar tão cedo da bancada.
SPC 1. A tesouraria do PT
vai apresentar ao Diretório
Nacional, em reunião nos dias
20 e 21, uma lista com os nomes dos integrantes da sigla
em cargos de confiança no governo federal que não estão
em dia com o "dízimo" -contribuição mensal ao partido.
SPC 2. De acordo com a tesouraria, são 4.000 petistas
que, após quatro anos de governo Lula, devem ao partido
um total de aproximadamente R$ 30 milhões. A dívida do
PT na praça é de R$ 50 milhões, incluída a quantia herdada da campanha reeleitoral.
Em todas. Al Gore participará da festa de 1º de Maio da
Força Sindical via teleconferência. A central tentou trazer
o ex-vice-presidente americano ao país, mas esbarrou na
agenda cada vez mais lotada
após o sucesso de seu filme
sobre o aquecimento global.
Ele voltou. O painel relativo ao impeachment no chamado "túnel do tempo" do Senado, que havia sido retirado
na época da posse dos novos
parlamentares, foi recolocado. O texto diz que o agora senador Fernando Collor (PTB-AL) foi "afastado do governo em inédito processo conduzido pelo Congresso Nacional".
Não pegou. Aliados se esforçam para convencer o presidente da Câmara, Arlindo
Chinaglia (PT-SP), a desistir
das esvaziadas sessões de segundas e concentrar esforços
nas terças e quartas.
Tiroteio
"O importante é que se dê responsabilidade
a quem tem responsabilidade. A Infraero
não é culpada pelo apagão aéreo".
Do deputado CARLOS WILSON (PT-SP), ex-presidente da Infraero, sobre
a intenção oposicionista de investigar na CPI suspeitas de irregularidades durante sua gestão à frente da empresa.
Contraponto
Idéias ao léu
O ministro da Justiça, Tarso Genro, foi
ao Rio na semana passada conversar com
alunos da Universidade Cândido Mendes. Ao chegar, de helicóptero, estranhou
uma chuva de papel na pista de pouso.
Quando desceu, encontrou seu assessor um tanto constrangido:
-Ministro, sua palestra voou...
-Bom, pelo menos vou ter alguns momentos de bom humor-, respondeu Tarso, que conseguiu
quebrar o gelo com a platéia ao abrir sua exposição contando
o incidente ocorrido minutos antes.
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