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Presidente da CNBB critica terceiro mandato
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM INDAIATUBA
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), dom Geraldo Lyrio
Rocha, rechaçou ontem -após
a abertura da 46ª Assembléia
Geral da entidade, em Indaiatuba (102 km de SP)- um eventual terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Acho que devemos ficar
com o que a Constituição estabelece. Qualquer outra coisa é
entrar por um caminho de casuísmo que não é benéfico à democracia", disse, ao ser questionado pela imprensa sobre as
declarações do vice-presidente
José Alencar (PRB-MG).
Alencar havia sugerido um
terceiro mandato para Lula.
Disse que os brasileiros desejam que ele "fique mais tempo".
Dom Geraldo disse ainda, sobre as eleições municipais de
outubro, que o país precisa superar o "círculo da corrupção".
"É o candidato corrompendo o
eleitor, comprando o seu voto.
É o eleitor corrompendo o candidato, vendendo seu voto. Nós
precisamos acabar com isso."
O religioso ainda cobrou as
reformas tributária, política e
agrária. "Estamos aguardando
que essa reforma [agrária] possa ser mais acelerada para que
haja também mais tranqüilidade no campo em nosso país."
A 46ª Assembléia Geral começou ontem e vai acabar no
dia 11. Cerca de 300 bispos participam do encontro. Durante a
assembléia, a CNBB vai elaborar uma cartilha para orientar o
eleitor a não votar em candidatos envolvidos em corrupção.
O bispo de Blumenau (SC),
dom Angélico Sândalo Bernardino, criticou o Legislativo, ao
ser questionado sobre a CPI
dos Cartões e a existência de
um dossiê sobre gastos na gestão do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. "Fico preocupado quando vejo o Legislativo gastando um tempo enorme
com tantas discussões, que não
têm levado a nada, enquanto
projetos importantes ficam engavetados. Acho que isso também é corrupção", disse.
A CNBB divulgou um documento intitulado "Análise da
Conjuntura" -elaborado por
padres e assessores ligados à
entidade- no qual voltou a criticar o cenário político do país.
Em um trecho, o texto diz que
"a política, os partidos e o Poder Judiciário perderam credibilidade diante da corrupção e
do corporativismo que favorecem a impunidade".
O presidente Lula encaminhou uma carta à CNBB, lida na
abertura do encontro, na qual
saúda os bispos e diz que "não
cabe a nenhum governo ou forma de poder tentar domesticar
ou reduzir o papel das igrejas e
comunidades religiosas".
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