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Lula atribui veto a seu passado sindical
Presidente diz que fiscalização do TCU poderia acabar com autonomia e facilitar perseguição política de sindicalistas
Ele reconhece que há muito o que fazer e promete que irá conversar com centrais sindicais para debater sobre problemas e buscar soluções
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A uma platéia de sindicalistas
que a todo momento fez referências positivas a seu governo,
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva explicou ontem que vetou o artigo que possibilitava
fiscalização do TCU (Tribunal
de Contas da União) nas contas
de sindicatos, confederações e
federações por causa de seu
passado no sindicato e alegou
que a fiscalização poderia resultar em perseguição política.
"Quando chegou o resultado
da votação do Congresso, não
tinha dúvidas em vetar. Primeiro, porque nasci no movimento
sindical, em 1969, defendendo
a autonomia e a liberdade sindical. Segundo, porque sofri
duas intervenções quando era
presidente do sindicato de São
Bernardo do Campo", afirmou.
Quebrando acordo feito no
Congresso, Lula vetou a obrigatoriedade de sindicatos, centrais, federações e confederações prestarem contas ao TCU.
O veto, criticado pela oposição,
foi a um artigo do projeto que
reconheceu formalmente as
centrais sindicais.
Lula justificou a decisão dizendo que o artigo poderia acabar com a autonomia sindical.
Segundo o presidente, se a
fiscalização não fosse vetada,
seria possível ficar sabendo
"em cima de quem" seria feita.
"Eu lembro, Paulinho [deputado Paulo Pereira da Silva,
presidente da Força Sindical],
que você divergiu de alguém na
política e que foi vitima de muitas acusações. Imagina se, a cada vez que chegar uma eleição,
uma campanha eleitoral no
sindicato, alguém toma a decisão de fiscalizar. Nós estaremos
tirando do trabalhador o direito de propor em assembléia
mecanismo de fiscalização."
Lula, contudo, admitiu que
ainda há muito o que fazer -ele
prometeu uma seqüência de
conversas para debater e aprimorar os problemas e afirmou
que vai se reunir com as centrais sindicais no dia 24.
Disse que uma das coisas
mais difíceis é negociar com o
setor público e voltou a defender regularização do direito de
greve. "No setor público, tem
gente que faz greve de dois meses, três. (...) Aprendi que só
posso ganhar sem trabalhar se
estiver de férias ou doente."
Também pediu união da base
no Congresso, alegando que é
preciso formar maioria e estar
sempre "medindo correlação
de forças para votar projetos".
O evento, que reuniu seis
centrais sindicais, teve a presença dos ministros Luiz Dulci
(Secretaria Geral), Luiz Marinho (Previdência), Carlos Lupi
(Trabalho) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos),
além de deputados.
Os sindicalistas criticaram a
mídia (apontada como interessada na fiscalização) e setores
acusados de não aceitarem "o
sucesso do governo".
Paulinho, no agradecimento
a Lula, declarou que o Congresso está subordinado ao Executivo -tema atualmente caro
pelo excesso de medidas provisórias. "Sabemos muito bem
que o Congresso só funciona
quando o governo quer."
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