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Senado pagar fretamento de jato é prática usual, diz Tasso
Senador afirma ter sido "transparente" ao converter sobras de sua cota de passagens
Tucano nega ter pedido uma autorização especial para fretar aviões; diretor-geral avalia que regulamento é "omisso" sobre o assunto
Alan Marques/Folha Imagem
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O senador Tasso Jereissati, do PSDB, no plenário do Senado
FÁBIO ZANINI
FERNANDO RODRIGUES
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso de quase três
horas ontem, o senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE) disse ter
sido "transparente" ao pedir o
fretamento de jatinhos com as
sobras de sua cota de passagens
aéreas e que a prática é comum
entre congressistas.
"Essa prática do fretamento,
eu fui ver, pelo menos há 20
anos é utilizada por vários senadores desta Casa. Tive o cuidado de ver na Câmara também, é usada por vários deputados", afirmou, sem dar nomes.
Em aparte ao discurso, o senador Mário Couto (PSDB-PA)
disse que já adotou o mesmo
expediente. "Que erro cometemos?" Jefferson Praia (PDT-AM) também admitiu a prática.
A Folha revelou ontem que
há quatro anos Tasso pede a
conversão de passagens não
utilizadas em crédito para fretamento de jatos executivos.
A prática não é permitida pelo ato da Mesa Diretora nº 62,
de 1988, que regulamenta as
cotas mensais de passagens dos
senadores e foi autorizada, em
todos os casos, pelo então primeiro-secretário da Casa,
Efraim Morais (DEM-PB).
Tasso afirmou que jamais
pediu autorização especial para fretar os jatos. "Eu não pedi,
isso é mentira", disse o tucano.
"Apenas utilizei a burocracia
normal, pública, transparente,
fazendo ofícios ao diretor-geral, perguntando e colocando
que a minha cota de viagem,
naquele mês respectivo, fosse
paga à empresa TAM", disse.
Anteontem, o senador apresentou 11 ofícios destinados ao
então diretor-geral, Agaciel
Maia, pedindo que fosse feita a
conversão de passagens em pagamento de jatos. As autorizações foram dadas por Efraim.
No discurso, Tasso fez diversas referências à Folha. "[Fui]
surpreendido com uma série
de insinuações e questionamentos que desembocaram
numa reportagem publicada
pelo jornal Folha de S.Paulo e
que visaram, objetivamente,
manchar toda essa vida e essa
história que tenho como um
dos meus bens mais sagrados."
Ele afirmou ainda que a conversão de passagens é uma
"ferramenta colocada à disposição dos senadores". "Se essa
ferramenta deveria ser colocada ou não, é outra discussão."
Tasso não negou que tenha
usado o jato pago pelo Senado
para atividades partidárias
quando presidia o PSDB, em
2005 e 2006. Disse apenas que
"a vida de um senador não se
resume a viagens entre Brasília
e seu Estado natal".
Mostrando indignação, Tasso atribuiu a acusação ao que
chamou de guerra política estabelecida entre grupos dentro
da Casa há dois meses.
"O que queriam é, dentro da
maldade e do espírito que permeou determinado grupo neste Senado, insinuar que esse recurso não era para pagar a empresa de fretamento, eram recursos com que eu faria uma
tramoia, para desviar recursos
para pagar o combustível do
meu próprio avião", afirmou.
"Eu, homem público, político,
cearense, brasileiro, honesto,
branco de olhos azuis, não sou
responsável por essa crise causada no Senado."
Ele prometeu devolver em
dobro os valores caso se identifiquem irregularidades. E disse
ter "prejuízo" com a atividade
de senador -o salário de um
congressista é de R$ 16.512,09.
Antes de sua defesa, foi divulgada nota do diretor-geral
do Senado, Alexandre Gazineo.
Ele diz que "a questão apresenta absoluto caráter de legalidade" porque o regulamento é
"omisso" sobre a conversão.
Em defesa a Tasso, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra
(PE), afirmou ontem que o senador é um homem correto e
que é preciso separar "o joio do
trigo". Para ele, não há nada ilegal nem imoral na prática.
Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte
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