São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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Painel




Propaganda induzida 1

FHC pediu à CNI (Confederação Nacional da Indústria) que antecipasse a divulgação de pesquisa Ibope sobre sucessão presidencial, pela qual ele venceria no 1º turno. O levantamento, tornado público anteontem, só seria revelado semana que vem.



Propaganda induzida 2

Com a divulgação da pesquisa CNI-Ibope, o presidente quis minimizar no noticiário os efeitos negativos do incêndio em Roraima e da lógica unicamente reeleitoral da troca ministerial.


Orientação oficial

Sergio Amaral, porta-voz e secretário de Comunicação Social, está orientado a divulgar notícias "positivas" nos momentos em que a imprensa destacar fatos "negativos" para o governo.


Ordem palaciana

O Banco Central divulgou na segunda levantamento parcial mostrando o ingresso recorde no país de US$ 10,8 bi em março. Era para compensar a notícia do índice de desemprego do IBGE de 7,42% em fevereiro -o mais alto desde junho de 1984.


Coro dos insatisfeitos

Lula prepara um seminário em defesa da empresa nacional. Vai escandalizar setores do PT. Outra idéia do candidato ao Planalto é fazer um debate com Adib Jatene e Carlos Albuquerque, ex-ministros da Saúde de FHC.


Estava pegando mal

Pio Borges, homem da privatização no BNDES, havia sido estatizado (integrado ao quadro fixo do banco). Mas a instituição voltou atrás após a péssima repercussão interna e anulou o ato. Funcionalmente, continua a depender de nomeação oficial.


Cabeça quente

Quem tem conversado com Maluf recentemente diz que ele anda uma pilha de nervos. Por sugestão de amigos, aproveitará a Semana Santa para passar 10 dias de férias em Nova York.


Tratamento médico
Marina Silva (PT-AC) está nos EUA, tentando uma nova terapia de desintoxicação de mercúrio. Se falhar, vai ao Japão.


Ferida aberta

O fato de Maciel ter mantido o Meio Ambiente e de ACM somar a Previdência com o Ministério de Minas e Energia deixou insatisfeitas as bancadas do PFL no Sul e Sudeste. Só o Nordeste se deu bem na reforma ministerial.


Insatisfação pefelista
De um senador pefelista, contrariado com a escolha dos nomes do partido para o ministério: "Na hora da briga (votar as reformas), são 24 senadores. Na hora de receber as benesses, o PFL é Marco Maciel e ACM".

Pisando em cima

O PSDB, pego de surpresa com a criação do Ministério das Reformas Institucionais, tem uma tese-explicação: o PFL só insistiu na pasta para desmoralizar FHC, forçando-o a criar um ministério a fim de mostrar força.


Proibida para menores

Com exceção de Serra, cuja ida para a Saúde foi uma derrota do PFL, a reforma ministerial virou um show de conveniência reeleitoral, até com ministério novo e sem sentido na última hora.


Não é o único
Tucanos criticaram a nomeação de Renan Calheiros para a Justiça, por seu passado collorido. Defesa do PMDB: o senador alagoano foi o primeiro a romper com Collor e há precedentes (Malan, Kandir e Pedro Parente beberam da mesma água).


Barril de pólvora

Após os sem-terra, o governo deve ter problemas com os sem-teto. Está marcado para terça um despejo de 301 famílias que ocupam há três meses um prédio do INSS em São Paulo. Os ânimos estão acirrados.


Não colou
Anteontem, 1º de abril, ACM disse a senadores do PFL que não bancou a escolha de Ornelas para a Previdência. A decisão teria sido de FHC. Comentário irônico de um senador que ouviu a explicação: "É muito maquiavelismo do presidente".


Meu nome é reeleição

Dizem que foi fácil para FHC criar o Ministério das Reformas Institucionais e nomear o senador Freitas Neto (PFL-PI). Difícil é explicar para que serve.
TIROTEIO

De Aloizio Mercadante (PT), sobre o incêndio em Roraima:
- Na Inglaterra, FHC foi comparado ao estadista romano Júlio César. Na próxima viagem à Europa, a comparação será com Nero (que governava Roma à época de um grande incêndio).

CONTRAPONTO
Cada vez pior A posse do jornalista Carlos Zarur na presidência da Radiobrás, ontem, se transformou num festival de trapalhadas.
Primeiro, o presidente que saía, Maurílio Ferreira Lima, cansou a platéia numa sequência de elogios a si mesmo. Em seguida, derrapou o embaixador Sergio Amaral, chefe de Zarur.
Segundo Amaral, ao saber que Zarur acumularia a presidência da Radiobrás com a função de adjunto da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, dando meio expediente em cada, Clóvis Carvalho (Casa Civil) reagiu:
- Se a Radiobrás é tão importante, como é que ele vai dedicar só meio período a ela?
Percebendo que cometera uma inconfidência, Amaral tentou corrigir:
- É porque o Zarur é meio competente.
Como ficou ainda pior, Amaral emendou, rapidamente:
- Não, ele é tão competente, que meio período é suficiente.



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