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PREVIDÊNCIA
Servidor que cumprir requisitos para se aposentar após a aprovação da proposta não receberá mais o salário da ativa
Reforma acaba com aposentadoria integral
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reforma da Previdência proposta pelo governo acabará com
as aposentadorias do serviço público equivalentes ao salário integral. O servidor que tiver cumprido os requisitos para se aposentar
após a aprovação da emenda
constitucional não receberá mais
o salário da ativa. "A fórmula de
cálculo dos benefícios levará em
conta toda a vida do servidor",
disse ontem o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, durante
debate na TV Câmara.
Atualmente, o servidor se aposenta com benefício igual ao valor
da sua última remuneração. Pelo
novo cálculo, serão considerados
todos os salários que recebeu ao
longo da carreira pública.
Por exemplo: um advogado que
ingressou no setor público ganhando R$ 1.000 e que, ao longo
da sua vida profissional recebeu
vários aumentos e reposicionamentos na carreira chegando a R$
10 mil no momento da aposentadoria, não se aposentará com R$
10 mil, como ocorre hoje. O benefício levará em consideração todos os salários e a tendência é que
as remunerações iniciais puxem
para baixo o valor do benefício.
Essa nova forma de cálculo vem
sendo chamada pelo governo de
benefício médio e precisará de lei
para regulamentá-la. Ou seja, não
é um mecanismo constitucional
aplicável automaticamente após a
aprovação da reforma.
No benefício médio, também
será incluído o tempo que boa
parte dos servidores passou no setor privado antes de ingressar no
funcionalismo.
Berzoini afirmou ontem que o
texto enviado pelo governo ao
Congresso poderá ser modificado
para evitar que os aposentados
por invalidez sejam obrigados a
pagar contribuição dos inativos.
O texto original é genérico e não
cria exceções.
A modificação poderá ser feita
pelo relator da reforma, deputado
José Pimentel (PT-CE). O ministro acrescentou que outra alternativa seria mudar o texto para permitir que a exceção fosse incluída
por meio de projeto de lei.
Além de Berzoini, participaram
do debate os deputados Sérgio
Miranda (PC do B-MG), que faz
parte da base aliada do governo
no Congresso, e Walter Feldman
(PSDB-SP), que é da oposição. No
debate, entretanto, eles atuaram
em posições trocadas.
Ao longo do programa, Miranda atacou a proposta do governo,
considerando a contribuição dos
inativos inconstitucional e afirmando que o déficit do sistema
previdenciário do setor público
cairá nos próximos anos em relação ao PIB (soma das riquezas
produzidas no país).
"Esses números constam na
própria exposição de motivos enviada ao Congresso junto com a
reforma", criticou Miranda.
Já Feldman se declarou a favor
da cobrança dos inativos. "Estamos esperando a base do governo
definir como se comportará em
relação à proposta. O PSDB só vai
se posicionar oficialmente depois
disso. Mas eu vou defender a taxação dos inativos", disse o tucano.
No debate, Berzoini também
explicou que os professores de ensino médio e fundamental do setor público poderão continuar se
aposentando cinco anos antes dos
demais funcionários.
Enquanto os servidores precisam ter idade mínima de 60 anos,
homem, 55 anos, mulher, no caso
dos professores, assegurou o ministro Berzoini, a idade mínima
será de 50 anos, mulher, 55 anos,
homem.
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