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Taxação de bancos deve aumentar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo pretende aumentar a
taxação sobre o setor financeiro.
Se a emenda da reforma tributária
for aprovada, esse ajuste deverá
ocorrer pelo aumento da tributação sobre o lucro. Nesse caso, a
carga sobre o faturamento do setor poderá ser reduzida.
Já a desoneração do setor produtivo com o fim da cumulatividade -incidência do imposto em
todas as etapas de produção- da
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) ficou sem data para ocorrer.
A Folha apurou que a Receita
Federal quer tirar um pedaço
maior da significativa fatia de lucros que os bancos vêm obtendo
nos últimos anos. A emenda da
reforma possibilita a adoção de
alíquotas diferenciadas para a
CSLL (Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido), sendo que os
bancos não poderão pagar menos
que qualquer outro setor.
Até 1998, as instituições financeiras pagavam 18% de CSLL,
mas não recolhiam Cofins, uma
contribuição que incide sobre o
faturamento. As demais empresas pagavam 8% de CSLL.
Mas os bancos questionaram na
Justiça a tributação diferenciada e
o governo igualou as alíquotas.
Para compensar, fez com que as
instituições financeiras começassem a pagar a Cofins. Hoje, a
CSLL é de 9% para todos.
Em depoimento na Comissão
Mista de Orçamento nesta semana, o ministro do Planejamento,
Guido Mantega, defendeu o aumento da tributação sobre os
bancos ao explicar uma mudança
introduzida pela medida provisória 107. "O único setor que tem
condições de ser mais tributado é
o setor financeiro", disse.
Sem que houvesse mudança no
sistema tributário, em 2002 o setor financeiro pagou à Receita Federal 76,8% mais que em 2001 por
causa dos lucros. Foram R$ 15,115
bilhões, mas o total representou
apenas 5,32% da carga geral.
Apenas com o Imposto de Renda retido na fonte, as pessoas físicas pagaram o equivalente a
9,18% da carga geral em 2002.
Enquanto a emenda é discutida,
o governo vem tentando aumentar a taxação dos bancos por meio
da Cofins na MP 107. A idéia original era barrar a dedução de prejuízos financeiros das operações
das tesourarias dos bancos no cálculo da Cofins. Mas os bancos negociaram um aumento da Cofins
de 3% para 4%. Os técnicos da Receita temem, porém, que a diferenciação de alíquotas seja questionada na Justiça novamente.
O governo FHC havia previsto o
fim da cumulatividade da Cofins
para janeiro de 2004. Agora, a Receita quer esperar até o fim de
2003 para ver como fica a arrecadação do PIS (Programa de Integração Social), cuja cumulatividade acabou neste ano.
(SÍLVIA MUGNATTO)
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