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CASO SILVEIRINHA
Cinco empregados disseram que cediam nomes e CPFs para abrir contas bancárias para empresários
Funcionários admitem ser "laranjas" no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO
Cinco funcionários dos empresários Reinaldo Pitta e Alexandre
Martins foram indiciados ontem
pela Polícia Federal depois de afirmar que agiam como "laranjas"
dos patrões, ou seja, emprestando
suas contas bancárias para movimentação de dinheiro que não
lhes pertencia.
Germano da Silva Filho, Marcelo Fernandes Mesquita, Valdir
Ferreira de Freitas, Paulo Sekeguchi e Arílson da Silva Dias foram
indiciados sob a acusação de lavagem de dinheiro na investigação
da Polícia Federal sobre o suposto
esquema de corrupção envolvendo fiscais e auditores do Rio.
A PF já tem indícios de que Pitta
e Martins, procuradores de vários
jogadores de futebol, agiam no
envio de dinheiro dos fiscais e auditores para contas no DBTC
(Discount Bank and Trust Company, hoje Union Bancaire Privée). O suposto esquema enviou
pelo menos US$ 33,4 milhões para a Suíça.
Os funcionários, todos empregados das empresas Gortin Promoções Ltda. e Passabra Câmbio
e Turismo Ltda., afirmaram que
cediam nomes e CPFs para a
abertura de contas bancárias no
Brasil, em agências no Rio, movimentadas pelos patrões.
Eles disseram não saber, porém,
a origem do dinheiro que transitava em suas contas. Declararam
ainda que assinavam cheques em
branco, normalmente em valores
abaixo de R$ 10 mil. Seus salários
são de aproximadamente R$ 350.
Buscas realizadas pela PF nas
empresas de Pitta e Martins localizaram cheques em nomes de
empregados. Numa busca na casa
de um funcionário, foi encontrado um fax do DBTC com o número de uma conta.
Também foram encontradas
agendas com números de telefones de vários fiscais e auditores investigados, além de dados cadastrais e bancários dos mesmos.
De acordo com a investigação
realizada até agora pela PF, as empresas de Pitta e Martins eram
parte de um esquema de envio de
dinheiro para o exterior que passava ainda pela Coplac, representante do DBTC no Rio.
Na Coplac os fiscais e auditores
iniciariam o processo de abertura
de contas, fornecendo nomes e
dados cadastrais repassados ao
banco na Suíça.
Pitta e Martins serão ouvidos
pela PF na próxima semana. Como oito fiscais já estão presos desde 15 de abril, o inquérito da PF
tem de ser concluído até 14 de
maio (ou seja, 30 dias após a prisão). Até agora já foram indiciadas 26 pessoas: 12 fiscais e auditores, três beneficiários de suas contas, dois proprietários e uma funcionária da Coplac, cinco funcionários de Pitta e Martins, o lobista
Romeu Sufan, o procurador do
Estado Geraldo Barbosa e seu filho, José Diogo Barbosa.
Pitta e Martins foram procurados ontem pela Folha, mas não
foram localizados. Os dois são
procuradores de vários jogadores
de futebol, entre os quais Ronaldo, do Real Madrid.
O Ministério Público Federal
entrou ontem com um mandado
de segurança no TRF (Tribunal
Regional Federal) pedindo a
transferência dos fiscais e auditores para um presídio. Eles estão
presos num quartel da PM no Leblon (zona sul). Estão presos: Rodrigo Silveirinha Corrêa, que foi
subsecretário de Administração
Tributária na gestão Anthony Garotinho (PSB) -de 1999 a abril de
2002-, Carlos Eduardo Pereira
Ramos, Rômulo Gonçalves, Lúcio
Manuel Picanço, Amaury Franklin Nogueira Filho, Axel Ripoll
Hamer Sérgio, Jacome de Lucena
e Hélio Lucena Ramos da Silva.
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