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IGREJA
Indicação de d. Geraldo Majella era tida como certa
Contrariando expectativas, d. Cláudio é indicado para a CNBB, mas recusa
RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA
O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, foi lançado ontem candidato à presidência
da CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil). Em reunião
com o episcopado, d. Cláudio declinou da indicação e disse que
preferia não ser o presidente da
entidade.
A indicação foi surpreendente
por quebrar uma unanimidade
que se considerava certa em torno
do nome de d. Geraldo Majella
Agnelo, cardeal-arcebispo de Salvador, apontado para o cargo pelas duas chapas que haviam se
manifestado até o momento.
Os motivos apresentados por d.
Cláudio Hummes para a recusa
da indicação foram os mesmos
que ele havia dado ao recusar o
convite feito por uma das chapas
que concorrem nas eleições deste
ano: falta de tempo para a função,
por conta de suas ocupações em
São Paulo e Roma.
A Folha apurou que a candidatura de d. Cláudio foi apresentada
por colegas seus do Estado de São
Paulo. Todos os bispos do país,
presentes em Itaici, distrito de Indaiatuba (SP), para a Assembléia
Geral da CNBB, passaram a tarde
de ontem reunidos a portas fechadas para deliberar sobre as eleições na entidade. Eles foram proibidos de dar declarações sobre a
reunião.
Pessoas ligadas à CNBB, que
preferiram não se identificar, avaliam que, por causa da recusa explícita de d. Cláudio, d. Geraldo
Majella permanece favorito para
ser o próximo presidente.
Mas afirmam também que deve
haver disputa para o cargo. A Folha apurou que mesmo após d.
Cláudio ter se manifestado contrariamente à sua candidatura,
três bispos pediram a palavra para reiterar sua vontade de votar
no cardeal-arcebispo de São Paulo para a presidência da entidade.
Moderado, d. Cláudio tem perfil
parecido e tanta força dentro da
Igreja Católica quanto d. Geraldo
Majella. Uma particularidade do
arcebispo de São Paulo é a sua
proximidade com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou anteontem a assembléia dos
bispos e propôs uma parceria à
igreja na realização do programa
Fome Zero.
D. Cláudio foi o principal redator do documento da CNBB sobre
o Dia do Trabalho, em que a entidade manifestou apoio às propostas de reformas previdenciária e
tributária do governo.
Na Missa do Trabalhador, em
comemoração ao 1º de Maio, anteontem, em São Bernardo do
Campo, d. Cláudio pediu que os
presentes saudassem com "vivas"
o presidente Lula, que compareceu à cerimônia.
E afirmou: "Estou com o coração cheio de emoção. Tanto pelas
recordações históricas como pela
emoção de ver Luiz Inácio Lula da
Silva, nosso grande e querido Lula, entrar aqui hoje como presidente".
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