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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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IGREJA

Indicação de d. Geraldo Majella era tida como certa

Contrariando expectativas, d. Cláudio é indicado para a CNBB, mas recusa

RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA

O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, foi lançado ontem candidato à presidência da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Em reunião com o episcopado, d. Cláudio declinou da indicação e disse que preferia não ser o presidente da entidade.
A indicação foi surpreendente por quebrar uma unanimidade que se considerava certa em torno do nome de d. Geraldo Majella Agnelo, cardeal-arcebispo de Salvador, apontado para o cargo pelas duas chapas que haviam se manifestado até o momento.
Os motivos apresentados por d. Cláudio Hummes para a recusa da indicação foram os mesmos que ele havia dado ao recusar o convite feito por uma das chapas que concorrem nas eleições deste ano: falta de tempo para a função, por conta de suas ocupações em São Paulo e Roma.
A Folha apurou que a candidatura de d. Cláudio foi apresentada por colegas seus do Estado de São Paulo. Todos os bispos do país, presentes em Itaici, distrito de Indaiatuba (SP), para a Assembléia Geral da CNBB, passaram a tarde de ontem reunidos a portas fechadas para deliberar sobre as eleições na entidade. Eles foram proibidos de dar declarações sobre a reunião.
Pessoas ligadas à CNBB, que preferiram não se identificar, avaliam que, por causa da recusa explícita de d. Cláudio, d. Geraldo Majella permanece favorito para ser o próximo presidente.
Mas afirmam também que deve haver disputa para o cargo. A Folha apurou que mesmo após d. Cláudio ter se manifestado contrariamente à sua candidatura, três bispos pediram a palavra para reiterar sua vontade de votar no cardeal-arcebispo de São Paulo para a presidência da entidade.
Moderado, d. Cláudio tem perfil parecido e tanta força dentro da Igreja Católica quanto d. Geraldo Majella. Uma particularidade do arcebispo de São Paulo é a sua proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou anteontem a assembléia dos bispos e propôs uma parceria à igreja na realização do programa Fome Zero.
D. Cláudio foi o principal redator do documento da CNBB sobre o Dia do Trabalho, em que a entidade manifestou apoio às propostas de reformas previdenciária e tributária do governo.
Na Missa do Trabalhador, em comemoração ao 1º de Maio, anteontem, em São Bernardo do Campo, d. Cláudio pediu que os presentes saudassem com "vivas" o presidente Lula, que compareceu à cerimônia.
E afirmou: "Estou com o coração cheio de emoção. Tanto pelas recordações históricas como pela emoção de ver Luiz Inácio Lula da Silva, nosso grande e querido Lula, entrar aqui hoje como presidente".


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