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JUDICIÁRIO
TST assina acordo receando repetição de problemas como o da sede do STJ, concluída sob suspeita, e o do TRT-SP
Banco do Brasil fiscalizará obra de fórum
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Escaldado com a fraude do Fórum Trabalhista de São Paulo, o
TST (Tribunal Superior do Trabalho) recorreu ao Banco do Brasil
para gerenciar e fiscalizar a conclusão da construção de sua nova
sede, em Brasília.
A obra foi inicialmente estimada em R$ 106,7 milhões, e os serviços de fundações e estruturas foram contratados, em 1998, com a
construtora baiana OAS.
A intervenção do banco oficial
foi formalizada em acordo assinado pelos presidentes do TST, Almir Pazzianotto, e do BB, Eduardo Guimarães, no último dia 24.
Pazzianotto diz que o acordo
deixa o tribunal "aliviado". "Lidamos com processos, com normas
jurídicas, não com obras", afirma.
O episódio que levou à prisão
do juiz aposentado Nicolau dos
Santos Neto, do TRT paulista,
marcou a Justiça do Trabalho.
Mas o receio maior do TST é a repetição do que ocorreu na construção da sede do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), em Brasília,
obra milionária também contratada com a OAS. A sede do STJ foi
concluída sob fortes suspeitas de
superfaturamento e de outras irregularidades. Suas contas foram
aprovadas, em 1996, após controvertido processo de investigação
(leia texto abaixo).
A construção das sedes do STJ e
do TST tem em comum projetos
de grande porte, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer. A complexidade técnica serviu de alegação para tentativas de alteração
no contrato inicial. As alterações
no projeto costumam ser a forma
mais usada para ampliar o valor
da obra ou do serviço.
Nos últimos meses, Pazzianotto
vinha sofrendo pressões para fazer mudanças no projeto, sob o
argumento de dificuldades que
poderiam, inclusive, comprometer a segurança da edificação.
Em março, o presidente do TST
anunciou que não iria alterar o
contrato nem fazer outra licitação. O ministro alega que, se alterasse as exigências do contrato,
empresas que perderam a licitação poderiam impugnar a obra.
Pazzianotto revela que as alterações na construção do STJ foram
usadas pela OAS como justificativa de que não haveria problemas
se o TST fizesse o mesmo.
O TST será o coordenador-geral
da obra. O departamento de engenharia do Banco do Brasil acompanhará as medições e fará conferências de planilhas e custos, emitindo relatórios quinzenais.
Os pagamentos à OAS serão feitos pelo BB, que participará das
renegociações de preços e apontará eventuais irregularidades.
O projeto abrange três prédios,
num total de 95,9 mil metros quadrados (o do STJ envolveu a construção de um complexo de seis
prédios, numa área de 133,5 mil
metros quadrados). O TST deverá
fazer licitação para os serviços de
arquitetura e instalações. Até
abril, o tribunal havia gasto R$
17,2 milhões na construção.
Procurada pela Folha em seus
escritórios de São Paulo, Brasília,
Rio de Janeiro e Salvador, a Construtora OAS não se manifestou a
respeito da obra até o fechamento
desta edição.
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