São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2005

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Jefferson diz passar por "processo de moer gente"

CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Descrevendo seu momento como "um processo de moer gente", o presidente do PTB, Roberto Jefferson (PTB), elogiou, em conversas com parlamentares, a atuação da cúpula do PT para debelar CPI dos Correios. Roberto Jefferson se queixa, no entanto, do comportamento da base do partido, especialmente os signatários da CPI.
"Eles ainda não sabem ser governo. Não desceram do palanque", criticou ele, especialmente incomodado com ataques desferidos pelo PT do Rio.
Nas conversas com parlamentares, Jefferson aposta no enterro da CPI, tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) como no plenário. A alguns deputados, disse que o governo está trabalhando pesadamente contra a CPI.
Apesar do otimismo, não deixa de dar seus recados. Ontem, segundo um petebista, ele recebeu um telefonema do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), que teria dito que gostaria de se solidarizar num momento de isolamento do deputado.
Em resposta, Jefferson disse que se resguardaria, não sairia por aí falando. "Se não, deixo de ser homem-bomba para ser homem-traque", brincou, dando uma sonora gargalhada, numa alusão à idéia de que suas revelações abalariam o governo.
Roberto Jefferson também tem elogiado o desempenho do presidente do PT, José Genoino, que teria até pedido desculpas após dizer que denúncias de corrupção não aconteciam com petistas.
Segundo seus interlocutores, Jefferson está ainda abalado. A um senador, confidenciou: "É um processo de moer gente. Estou no imaginário popular. Fui da tropa de choque de Collor. Precisavam de alguém para Cristo. Fui eu".
Numa outra conversa, reclamou de estar sendo responsabilizado por indicações de outros parlamentares do PTB, como o comando da ANP.
Ontem, Jefferson ficou particularmente irritado ao saber que o deputado Vicente Cascione (SP) propusera que se licenciasse da presidência do partido. "Um desagregador", reagiu.
Ele se referia a uma ala petebista que defende, publicamente, a idéia de que Jefferson se licencie da presidência. Sob o argumento de que a imagem do partido está sendo abalada, um grupo de deputados já apresentou a proposta ao líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE), que a rechaçou.
Para conter o que Múcio chama de "coragem indômita", Jefferson dedica suas manhãs às aulas de canto. No repertório, músicas como "Core Ingrato", "Dio Come Ti Amo" e "Santa Lucia".


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