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Jefferson diz passar por
"processo de moer gente"
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Descrevendo seu momento como "um processo de moer gente",
o presidente do PTB, Roberto Jefferson (PTB), elogiou, em conversas com parlamentares, a atuação
da cúpula do PT para debelar CPI
dos Correios. Roberto Jefferson se
queixa, no entanto, do comportamento da base do partido, especialmente os signatários da CPI.
"Eles ainda não sabem ser governo. Não desceram do palanque", criticou ele, especialmente
incomodado com ataques desferidos pelo PT do Rio.
Nas conversas com parlamentares, Jefferson aposta no enterro da
CPI, tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) como no
plenário. A alguns deputados, disse que o governo está trabalhando
pesadamente contra a CPI.
Apesar do otimismo, não deixa
de dar seus recados. Ontem, segundo um petebista, ele recebeu
um telefonema do ex-presidente
da Câmara João Paulo Cunha
(PT-SP), que teria dito que gostaria de se solidarizar num momento de isolamento do deputado.
Em resposta, Jefferson disse que
se resguardaria, não sairia por aí
falando. "Se não, deixo de ser homem-bomba para ser homem-traque", brincou, dando uma sonora gargalhada, numa alusão à
idéia de que suas revelações abalariam o governo.
Roberto Jefferson também tem
elogiado o desempenho do presidente do PT, José Genoino, que
teria até pedido desculpas após
dizer que denúncias de corrupção
não aconteciam com petistas.
Segundo seus interlocutores,
Jefferson está ainda abalado. A
um senador, confidenciou: "É um
processo de moer gente. Estou no
imaginário popular. Fui da tropa
de choque de Collor. Precisavam
de alguém para Cristo. Fui eu".
Numa outra conversa, reclamou de estar sendo responsabilizado por indicações de outros
parlamentares do PTB, como o
comando da ANP.
Ontem, Jefferson ficou particularmente irritado ao saber que o
deputado Vicente Cascione (SP)
propusera que se licenciasse da
presidência do partido. "Um desagregador", reagiu.
Ele se referia a uma ala petebista
que defende, publicamente, a
idéia de que Jefferson se licencie
da presidência. Sob o argumento
de que a imagem do partido está
sendo abalada, um grupo de deputados já apresentou a proposta
ao líder do PTB na Câmara, José
Múcio (PE), que a rechaçou.
Para conter o que Múcio chama
de "coragem indômita", Jefferson
dedica suas manhãs às aulas de
canto. No repertório, músicas como "Core Ingrato", "Dio Come Ti
Amo" e "Santa Lucia".
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