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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Em tom de campanha, Lula ataca educação da era PSDB
Fernando Donasci/Folha Imagem
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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita ao Salão do Turismo |
Sem citar nomes, presidente acusa FHC e Alckmin de negligenciar ensino público
Petista, que improvisou discursos em eventos em São Paulo, voltou a ligar onda de violência a falta de investimentos em educação
MALU DELGADO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Em três discursos feitos de
improviso ontem em diferentes eventos em São Paulo, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva formulou novas "teses"
sobre pobreza, educação, turismo e até investimentos públicos. Relembrando a própria
história e a formação como torneiro mecânico, Lula fez críticas indiretas aos adversários do
PSDB, especialmente o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e o pré-candidato à
Presidência, Geraldo Alckmin.
Acusou ambos de negligenciarem o ensino público e técnico.
"Pobre não rejeita pobre. Essa é uma máxima da sociedade", afirmou na cerimônia de
contratação de 292 jovens para
o Programa Jovem Aprendiz da
Petrobras.
"Neste país, falta menos dinheiro e mais criatividade nas
pessoas, mais sensibilidade de
fazer as coisas", disse, na abertura do 2º Salão do Turismo, ao
sugerir e cobrar ações que incrementem o turismo no país.
A simplicidade das palavras,
que muitas vezes arrancam risadas das platéias, não esconde
que o alvo central dos ataques
de Lula são sempre os tucanos.
"Eu vou dar um dado para vocês ficarem surpresos. Todo o
sistema de ensino público de
São Paulo, que é o maior Estado
da Federação, hoje tem apenas
18% dos estudantes universitários em escola pública, e 82%
estão em escolas privadas, em
uma demonstração de que foi
premeditado o abandono da escola pública neste país", disse
aos jovens aprendizes, em ataque velado a Alckmin.
Lula criticou a decisão de
1998 do Ministério da Educação de retirar a responsabilidade do ensino técnico do governo federal. "Deixou-se de investir em escola técnica. Revogamos a lei e este ano vamos
inaugurar 32 escolas técnicas.
[...] Não há, na história da humanidade, nenhum país que se
desenvolveu pela ignorância."
"Suco de esperança"
Em clima de final de mandato, flagrado nos sucessivos balanços de gestão que faz, Lula
demonstra estar satisfeito com
os resultados de seu governo.
"Não foram poucos os que ficaram em volta do pé de laranja
sapateando e dizendo "isso aqui
não vai dar em nada". Hoje [...]
estamos tomando um gostoso
copo de suco de esperança."
Quando eleito em outubro de
2002, Lula disse que começaria
fazendo o necessário, depois o
possível, "até chegar no impossível". Agora, o presidente inovou: "O impossível é apenas um
pouco mais difícil", afirmou, ao
citar números do Prouni (programa que dá bolsa em universidades para jovens carentes).
Lula disse estar convencido
de que "não é a pobreza que leva a pessoa a ser bandido", mas
a desagregação da estrutura familiar. Afirmou que os criminosos do PCC eram "crianças
bochechudas" que estavam nas
ruas há mais de uma década.
Aos jovens aprendizes, Lula
disse que a formação como torneiro mecânico foi a oportunidade que o levou ao sindicalismo e, depois, à Presidência.
Mais tarde, em discurso para
trabalhadores da Petrobras no
pátio da Revap (Refinaria Henrique Lage), em São José dos
Campos, voltou a provocar os
tucanos. "Acho que tem muita
gente nesse país que estudou
em escola pública, não pagou
nada e, depois [de formados],
alguns deles se esqueceram de
que os outros também precisavam estudar". Fernando Henrique, José Serra e Alckmin estudaram em escolas públicas.
O presidente disse lamentar
não ter diploma. "Não digo isso
com orgulho, não. Até gostaria
de ser economista", brincou,
dirigindo-se ao senador Aloizio
Mercadante (PT), pré-candidato ao governo de São Paulo.
Turismo
Lula também participou da
abertura do 2º Salão do Turismo, e pediu ao ministro da área,
Walfrido Mares Guia, ações
pró-turismo em aeroportos e a
reavaliação da dinâmica da
aviação brasileira, "que está antiga e superada".
Lula disse que o turismo está
relacionado à auto-estima. "Se
nós não depositarmos confiança na nossa gente, na nossa indústria, no nosso trabalhador,
quem é que vai acreditar em
nós? O nosso concorrente?
Nosso concorrente vai querer
nos asfixiar", afirmou.
Walfrido Mares Guia cometeu uma gafe e chamou Lula de
Luiz Henrique. Bem-humorado, Lula rebateu e disse que o
ministro só não pode errar o
nome da esposa.
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